terça-feira, 30 de dezembro de 2008

TROCANDO FOLHAS

E mais um ano vai embora. Mais uma página virada. Mais um calendário na última página, prestes a cair e ceder lugar a outro novinho. Doze meses passaram muito rápido. Sei que muitos compartilham da mesma opinião. Agora é pensar no ano que está chegando. Que venha mais 12 meses! Que venha 2009!

Não vou por aqueles velhos clichês de paz, harmonia e todas aquelas coisas que você todo fim de ano lê. É tempo de comemorar, beber todas, estar com as pessoas mais queridas, pensar e se banhar de energias positivas. Deixe a sua dieta pra segunda! Pense nas novas promesas e porque não naquelas que você não concretizou? Todos nós temos alguma!

Então é fim de linha. Hora de trocar as folhas e renovar o contrato por mais um ano. E que renovem sempre repletos de energias positivas. Lembrando sempre que o tempo é o verdadeiro senhor do universo: impiedoso porque não volta atrás, misericordioso por ceder a todos nós um futuro infinito de chances. Feliz 2009!

STEVEN SEAGAL RULES!


Estava folheando uma edição especial da Guitar Player pouco tempo atrás e deparei-me com uma matéria sobre Steven Seagal. Fiquei intrigado, pois jamais imaginei encontrar a foto de um dos meus ídolos ali, perto do Alex Liefson (Alex is God!), outro cara que sou fã de carteirinha. Mas o que poucas pessoas sabem, é que o mestre Seagal manda um blues de extrema qualidade.

Nesta semana pude finalmente escutar o trabalho de Steven Seagal como músico: Mojo Priest é um álbum com 14 blues de primeira linha, belas melodias, excelentes backing vocals e surpreendente, não só pelas composições mas também pelo fato inusitado. Já Songs From the Crystal Lake flerta com alguns elementos modernos, mas nada que assuste os puritanos.

Ao ler a matéria e a entrevista, pude conhecer o outro lado - bastante desconhecido - de Steven Seagal. Ele falou sobre suas influências, os grandes nomes do Blues, citou outros nomes pioneiros e ainda descreveu com detalhes o processo de gravação do seu CD: suas guitarras, amplificadores e timbres prediletos, como ele trabalhou as texturas sonoras no seu trabalho e claro, sua paixão pela música.

Além de mestre de aikido, o cara manda bem pra cacete na guitarra. Esse é o Steven Seagal!

domingo, 21 de dezembro de 2008

MUNDIAL DE CLUBES - Pt 02

Após o apito final da disputa entre Manchester United e LDU, os jogadores do clube britânico apenas cumprimentaram os adversários derrotados e depois se juntaram. Frios, com aquele ar "blasé", pareciam ter disputado apenas mais um amistoso na Ásia. As reações foram mais do que a comprovação de que clubes europeus menosprezam a competição.

Apesar de tudo, lembro bem da comemoração dos italianos quando o Milan conquistou no ano passado o quarto título, assim como a luta do Liverpool pra empatar o jogo com o São Paulo. Coisas bonitas de se ver e que engrandecem ainda mais a cena toda. Isso leva a crer que há exceções na Europa que valorizam o torneio. Afinal, quem não quer ser o melhor do mundo?

Não era nascido quando o Flamengo ganhou em 1981, mas me disseram que o feito adiantou o carnaval carioca pra alguma madrugada de dezembro. A mesma coisa aconteceu em Porto Alegre há exatos 25 anos, quando o IMORTAL levantou a taça em 1983. Citar as comemorações argentinas seria chover no molhado, pois sabe-se muito bem que nossos vizinhos são muito mais craques nesse assunto do que nós, brasileiros. Mas até hoje, tenho que admitir, não vi nada igual a explosão da torcida do Inter no momento do gol contra o Barcelona.

Tudo bem que a Champions League é mais dificil - e quem acha que a Libertadores também não é? - são vários jogos, mas eu sempre vi as duas competições como o caminho até o topo do mundo. Não gostei nem um pouco do jeito arrogante dos jogadores. Achei a atitude dos "devils" bem babaca, diferente da torcida, que parecia estar bem mais animada na arquibancada no Japão. Com certeza se os equatorianos tivessem ganhado a partida, teria visto um final muito mais alegre. Afinal, tem festa maior do que ganhar um título? Coisas do futebol.

MUNDIAL DE CLUBES - Pt 01

Para os amantes do esporte bretão, dezembro não é somente o mês das festas de Natal e Ano Novo. Dezembro é o mês em que se disputa, no Japão, o Mundial de Clubes. O torneio já teve diversas formas de disputa. De 1960 a 1979, eram dois jogos: um na Europa e outro na América do Sul. Devido aos inúmeros protestos dos clubes europeus - que alegavam falta de segurança e até deslealdade -, a disputa passou a ser decidida em Tóquio em apenas um jogo. A FIFA então decidiu entrar de vez na jogada e passou a organizar a competição inserindo times dos outros continentes (Ásia, Oceania, África e América do Norte) para dar uma dimensão maior e solidificar ainda mais o nome "mundial" dado á competição. Mesmo assim, latino-americanos e europeus continuam com os duelos na final.

Sou da geração que tinha como sonho ver seu time chegar ao Japão em dezembro e não idolatrávamos times europeus como se fossem os nossos, coisa típica dos dias de hoje. Lembro que naqueles tempos pré-globalização e internet, nós, pobres latino-americanos sem dinheiro no bolso, tínhamos que ficar acordados de madrugada (de sábado pra domingo), ansiosos para ver a grande final. Lembro bem que nós brasileiros só assistíamos ao jogo quando algum time tupiniquim chegava lá: Flamengo em 81, Grêmio em 83, São Paulo em 92 e 93. De 95 pra cá, os jogos passaram a ser disputados á noite - no Japão.

Os tempos são outros. Os canais a cabo transmitem o jogo independente de quem esteja na disputa - o que é louvável para os amantes do futebol -, nossos melhores jogadores estão na Europa, fazendo com que muitos jovens passem a torcer por times europeus, os mesmos que menosprezam um pouco a competição. No somatório - desde 1960 -, são 25 conquistas sul-americanas contra 23 européias. O Brasil já levou 9 vezes a competição: Além das já citadas no parágrafo anterior, soma-se á lista os feitos de São Paulo (2005), Corinthians (no único mundial disputado fora do Japão, em 2000, no Rio de Janeiro) e Internacional (2006).

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

O DESASTRE E A PERFEIÇÃO

Analisando friamente os fatos relacionados a eventos (e os resultados no futebol) do nosso gigante impávido colosso Brasil varonil, cheguei a uma conclusão que sempre repito nas mesas de bares, conversas e deixo aqui no blog. A conclusão que cheguei pode tanto jogar pá de cal nas rivalidades existentes entre tribos - quer dizer, estados -, assim como inflamar ainda mais a discussão.

Começamos então pela PERFEIÇÃO. O evento perfeito é organizado por paulistas e animado por cariocas. A praia é nordestina e o churrasco - unanimidade nacional - é gaúcho.

E o DESASTRE? Simples. Organização carioca, animação paulista, churrasco nordestino e praia gaúcha.

Paulistas são super organizados, tem mentalidade de sindicato (vide o radicalismo no futebol e nas tribos urbanas). Cariocas são ireverentes, despreocupados. Bom, apesar de ser algo que não deva ser levado muito a sério, ele explica muita coisa. É isso.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

CONTROL (2007)


O longa-metragem "Control" conta a história do ícone Ian Curtis e da sua banda Joy Division na cinzenta e tediosa Manchester do final dos anos 70. O filme é o primeiro trabalho do fotógrafo holandês Anton Corbijn como diretor de cinema. Filmado em preto e branco, o filme traz Sam Riley no papel do protagonista e Samantha Morton como sua esposa Deborah. Baseado no romance "Touching From a Distance", de Deborah Curtis, viúva do cantor, o filme relata com muitos detalhes a trajetória de Ian e do Joy Division. Na trilha sonora, nomes como David Bowie, Iggy Pop, Roxy Music, Lou Reed, Sex Pistols e Buzzcocks marcam a presença.

Ao mesmo tempo em que relata de forma profunda a vida pessoal de Ian Curtis - ataques epiléticos, sua vida cotidiana, como conheceu Deborah, seus conflitos, sua amante belga Annik, suas inspirações e influências - o filme mostra também os detalhes de como surgiu o Joy Division, da sua criação a ascenção em pouco tempo. Do encontro no show dos Sex Pistols em 76 e o surgimento do Warsawa, para logo em seguida trocarem para o nome definitivo (um prostíbulo para soldados nazistas), os fatos que levaram Ian Curtis a escrever clássicos como "She's Lost Control", "Candidate" e "Love Will Tear Us Apart". A costura entre os diálogos e as músicas, tanto das referências como as próprias do Joy Division funcionam muito bem, dando dinâmica ao filme. Essa característica mostra claramente o fato do roteiro também ter como auxílio as letras da banda.

O Joy Division com suas músicas repletas de angústia e melancolia não só influenciou muitas bandas pós-punks e darks (a lista vai de U2 a Legião Urbana) assim como as bandas pops dos anos 80. Após o suicídio de Curtis em maio de 1980, na véspera do que seria a primeira tour do Joy Division nos Estados Unidos, os remanescentes decidiram formar o New Order, uma das bandas mais bem sucedidas dos anos 80. Com uma enorme importância histórica e com tanta dramaticidade envolvida, o filme é mais do que merecido.

JÁ É NATAL?

Da segunda metade de novembro até o dia 24 de dezembro, as ruas se transformam num formigueiro decorado em vermelho, verde, dourado, prata, renas, papais noéis e figuras típicas do polo norte, completamente deslocadas do nosso clima. O que era um formigueiro, se transforma em algo muito pior. Anúncios, ofertas, promoções. É época de natal.

Pelo que me consta, o natal é no dia 25 de dezembro, mas nossa ânsia é tão grande que já comemoramos na véspera e planejamos com quase um mês de antecedência, a festa do nascimento de Jesus. Não sou religioso e também não sou daqueles chatos radicais. Há quem diga que é data pra reflexão, desejar paz e aquelas hipocrisias de sempre. Há também quem simplesmente por serem ateus ou qualquer coisa simplesmente preferem comer pizza e ver TV. Gosto do natal porque tem muito presente e muita comilança. Mas confesso que sempre fico assustado com o frenesi que essa data desperta.

Mas a pergunta que fica é a seguinte: já é natal? Sim, dizem muitos no embalo do comércio. Não, dizem outros mais coerentes com o calendário e dizem que é só no dia 25, embora a sombra da véspera permanece presente na cabeça. Enquanto os formigueiros feitos de asfalto, ferro e gente seguem na frenética procura por presentes, seguimos todos com essas confusões do cotidiano, impulsionadas pelo comércio. Mas natal mesmo, só no dia 25.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

TABU RACISTA

O racismo é uma praga onisciente na sociedade. Nada melhor pros tacanhos e hipócritas de plantão do que você pegar alguém diferente de você pra bode expiatório, por pura ausência de respnsabilidade. São muitos os exemplos, mas prefiro que você enumere mentalmente enquanto lê e, de quebra, faz um exercício de consciência, sem precisar de feriados.

Já há tempos que venho observando uma outra forma de racismo. Quando perguntam como são meus pais eu disparo: "meu pai é negão e minha mãe é morena, daquelas bugras que tem lá no sul". Todas as vezes que falo isso, observo a cara de espanto. Não é pra menos: sou branquelo o suficiente pra acharem inimaginável e porque não engraçado, no bom sentido da coisa. Mas se você analisar bem, vai ver um olho puxado e uma cara redonda (herança ameríndia), nariz chato e lábios grossos (herança negra). É só ver a foto! Sem contar que estamos no Brasil.

A cara de espanto continua e insistem em saber a "tonalidade" da cor do meu pai. O racismo entra em cena. Rolam aquelas comparações: "é mais escuro ou menos escuro que fulano?" Independente de "tonalidade" - embora seja absurdo -, a resposta é unânime: "ah! seu pai não é negro! ele é mulato, moreno, pardo..." Tabu de vísceras escancaradas.

Deve ser muito difícil pras pessoas racistas terem que admitir que meu pai é negro. Vergonha? Tabu? Por que meu pai não pode ser negro? Fico ás vezes sem entender, mas eu sei o porquê dessas reações. Deve ser da mesma forma que é difícil o cara dizer que o parente é homossexual e o fulano é gay, viado, etc.

De qualquer forma, quando pessoas de cores diferentes apertam as mãos, a sombra refletida no chão não faz distinção alguma, pois todos sabem que são duas pessoas se cumprimentando.