quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

NOVOS - VELHOS PARÂMETROS

A UNESCO na década de 60 considerou o livro "uma publicação impressa, não periódica, que consta de no mínimo 49 páginas, sem contar as capas". Graças a esse parâmetro, classificamos e diferenciamos um livro de uma revista, jornal, periódico, o que seja. Seria muito bom se isso também acontecesse na indústria fonográfica. Não é o caso, embora no passado, o quadro era diferente.

Antes da criação do CD e muito antes da revolução da internet, da febre dos downloads, mp3, ipods e afins, as gravadoras e os artistas costumavam lançar EPs, singles (os famosos compactos, chamados assim no Brasil) e obviamente os álbuns em LP. Eram os diferentes formatos do disco de vinil. Como muita gente não sabe a diferença e também não chegou a ver essas peças divertidas in loco, aqui vão as definições:

* O EP é uma sigla em inglês pra "extended play". Os vinis tinham 17 cm de diametro e eram tocados, geralmente, a 45 RPM. O EP geralmente continha algo em torno de 5 faixas e duravam, em média de 5 a 15 minutos. Em linhas gerais, é uma gravação longa demais para ser considerada um compacto (single), e muito curta para ser classificada como álbum.

* O Single (ou compacto) era também chamado em inglês de "seven inches" (sete polegadas) e tinha o mesmo tamanho físico do EP e tocado na mesma rotação. A diferença estava na sua capacidade: geralmente rondava os 8 minutos de música. O single era geralmente empregado para a difusão das músicas de trabalho de um álbum completo a ser lançado.

*O LP (long play), o famoso bolachão, é um disco com 31 cm de diametro e a sua capacidade normal era de cerca de 40 minutos. Os primeiros vinis eram gravados a 78 RPM, mas com o tempo, passaram a tocar em 33 1/3 (o mesmo que 45 RPM).

Com o passar dos anos, a tecnologia trouxe ao mesmo tempo, as facilidades de se produzir um disco e a falta de critérios para a definição dos mesmos. Como os CDs são produzidos de tamanhos uniformes, teoricamente a classificação deveria girar em torno da duração do trabalho, de acordo com os parâmetros da época dos vinis. Mas não funciona bem dessa maneira.

A falta de parâmetros para definir os trabalhos em plena era dos CDs é fruto também da crise da indústria fonográfica e acelera ainda mais o aumento dos downloads pela internet. De um lado, lojistas se recusam a vender um CD que não foi prensado e manufaturado oficialmente em Manaus, alegando ser um CD-R e uma parcela da imprensa qualificando o que seria um álbum como uma simples demo. Do outro lado, as bandas ou gastam uma grana alta prensando e tentando jogar nas lojas de forma independente através de consignação sem muitas chances de recuperar o investimento, ou simplesmente jogam tudo na internet, que sem sombra de dúvidas é o melhor ambiente para divulgar o trabalho.

No Brasil, há publicações que qualificam o trabalho de uma banda (ep, demo, single, álbum) simplesmente se ela foi fabricada na Zona Franca ou não. Como todos os CDs que não são fabricados lá são reproduzidos em CD-R, consequentemente passa a ser qualquer coisa, exceto um álbum. Pode não significar muita coisa, mas as pessoas que seguem essa falta de parâmetros não deveriam classificar os trabalhos dessa forma. Seria muito interessante seguir o exemplo do livro e até mesmo os dos vinis, do que seguir uma retórica alinhada á industria fonográfica.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

BOTINADA (2006)


Lançado em 2006, o documentário "Botinada" narra as origens do movimento punk no Brasil. A bela e árdua iniciativa partiu do ex-VJ da MTV Gastão Moreira, que em 4 anos, foi em busca do paradeiro das pessoas que fizeram parte e também das testemunhas que presenciaram in loco todo o acontecimento histórico. Segundo Gastão Moreira, foram 4 anos de pesquisa, 77 pessoas entrevistadas, milhares de horas nas ilhas de edição, 200 horas de vídeo e muitas imagens raras.

A narrativa do documentário é uma criativa colcha de retalhos muito bem construída, onde as peças são os relatos dos entrevistados, imagens raríssimas de filmes, panfletos, matérias e até uma animação contando o perrengue que foi um dos primeiros shows punk na periferia de São Paulo. A trilha sonora? Punk rock brazuca das bandas pioneiras como Restos de Nada, Cólera, AI-5 (de fita k7!), Hino Mortal, Inocentes, Olho Seco, Garotos Podres e etc.

Outro fator pertinente no documentário foi tratar prioritariamente da cena paulista, que com toda certeza foi a maior e mais importante, tanto pelo alarde como pelos fatos históricos. Diferente do que muita gente pensa e costuma falar por aí (a própria mídia), a coisa toda definitivamente não começou em Brasília. Mesmo assim, a cena do Planalto Central, assim como as bandas seminais do Rio de Janeiro e Porto Alegre (Replicantes), foram retratadas nos extras do DVD.

O documentário mostra também a antipatia da mídia, da sociedade, a guerra entre gangues, a dificuldade tanto pra conseguir material como pra gravar discos, a atitude dos punks em peitar a ditadura militar no Brasil ao falar em suas letras o abuso de poder, a exclusão social que sofriam já que eram todos da periferia e obviamente, a censura.

Diferente do que muita gente pensa, o movimento punk brasileiro mostrou todo inconformismo e revolta, além de mostrar que é possível ir além dos limites. O lema "faça você mesmo" é algo que todos que estão no underground levam na cabeça. Confesso que as opiniões dos punks sobre os medalhões da MPB são as mesmas de quem vos escreve e assino embaixo. Mas para saber, vá correndo atrás do DVD, que é um fidedigno retrato de um dos capitulos mais importantes do rock no Brasil.

domingo, 4 de janeiro de 2009

RESSACA/LOMBEIRA

Saudações! Não poderia começar o ano de 2009 sem citar o sentimento ou clima que assola a todos após as festas: a famosa ressaca. Você comeu, bebeu, fez da jaca sua nova pantufa, foi motivo de risadas, ou caiu na pele das vítimas dos excessos. Mas não considere-se ileso pois todos nós alguma vez na vida já tivemos a nossa ressaca abençoada.

Quem nunca sentiu aquele peso na cabeça, aquele gosto terrível na boca? A sensação de querer decepar, por um instante, sua cabeça só pra se livrar da dor é assombrosa. E o estômago? E o fígado? E a famosa lombeira depois de comer pra cacete? Quem nunca sentiu aquela preguiça ou aquele mal-estar de tanto comer no dia anterior? A culpa sempre é da azeitona, nunca é da feijoada, dos churrascos, torresmos e quitutes de sobremesa.

De qualquer forma, se você não estiver com lombeira, está de ressaca. Não tem pra onde fugir. Se você não bebe, com certeza comeu que nem uma draga. Quem bebe, pode ter certeza de que também sofreu as consequências. E para todos que comem e bebem pra cacete, parabéns, pois a festança foi completa! E a ressaca também. Vai um comprimido?