terça-feira, 22 de dezembro de 2009

DOUTORES DINOSSAUROS

O ano de 2009 vai ficar marcado como o grande ano dos dinossauros. Ver gigantes como AC/DC, Kiss, Rush, Black Sabbath (tá, Heaven and Hell, que seja!) e até o Sir Paul McCartney nos palcos, lotando arenas, levando multidões como no tempo em que eram jovens e tocando com muito vigor nos faz crer que há esperança no fim do túnel.

Os mesmos dinossauros citados acima entraram em estúdio e gravaram álbuns bem acima da média. Muitos podem dizer, principalmente em relação ao Kiss e ao AC/DC que eles fazem a mesma coisa de sempre, não mudam, mas vamos ser sinceros: há necessidade de inovação? Em time que está ganhando não se mexe. Ainda mais quando esses times estão em campo há mais de trinta anos.

Todos já sabem o que esperar das grandes bandas e seus shows: é o sino e "Hells Bells" no palco do AC/DC, aquele monte de parafernália pirotécnica no show do Kiss, Ronnie Dio fazendo "horns up" imortalizado por ele mesmo nos shows do Sabbath, é o Lemmy com o pedestal lá no alto com seu rickenbacker no talo despejando graves na cabeça dos bangers e tocando "Ace of Spades". Mas ainda repito a pergunta do parágrafo anterior a você, na esperança de que sua resposta seja igual a minha. Se for, é um bom sinal de que há ainda pessoas nesse mundo que ainda gostam de boa música, feita com alma, energia e rebeldia.

Ver os doutores dinossauros em cena é uma verdadeira aula de rock. Ainda mais hoje em dia, em que muitas bandas precisam voltar à classe de alfabetização musical. Já estava mais do que na hora dos bons velhinhos entrarem em cena e mostrarem aos novatos não só com quantos paus se faz uma canoa e sim, com quantos acordes e atitude se faz um excelente rock and roll.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

ADEUS, DALBORGA!

Depois do Lombardi, mais uma voz do nosso Brasil varonil se cala. Luiz Carlos Alborghetti faleceu nesta quarta feira à tarde em Curitiba, aos 64 anos, vítima de câncer no pulmão. Paulista de Andradina, morava há mais de 20 anos na capital paranaense, foi apresentador de programas de rádio e TV durante 30 anos. Atuou como deputado estadual pelo Paraná por 16 anos, além de ter sido vereador de Londrina por 5 anos. Atualmente, trabalhava na Rádio Colombo e seus programas eram transmitidos via internet, a mesma que fez crescer ainda mais sua popularidade através de vídeos postados no you tube dos tempos em que apresentava o "Cadeia" na TV.

Alborghetti era o mestre. Lembro de ter visto ele pela primeira vez na TV quando seu programa "Cadeia" passou em rede nacional por um tempo. Seus bordões, seus ataques e acessos de fúria descontrolados contra a maldita corja de políticos corruptos e sem caráter, bandidos, vagabundos e canalhas tinham sim sua excentricidade, mas não deixava de ser a mais perfeita representação da indignação de muitos brasileiros cansados de tanta impunidade. Vale a pena por os bordões aqui. Eu vibrava como se fosse um gol quando ele disparava: "Não tem que construir mais cadeias! Tem que construir mais cemitérios!"; "Tá com pena dele? Leva pra tua casa! Põe pra dormir na tua cama!", "Foi pro colo do capeta!", "Peidou pra muzenga", "Bandido bom é bandido morto". Dalborga quebrava fax, telefone, batia com o cassetete que nem um louco, xingava a torto e a direito, mandava recado, não tinha papas na lingua. Ele botava mesmo pra fuder! A identificação foi imediata e desde então o tive como herói.

Com a internet, ficou mais fácil acompanhar o trabalho do mestre. Não me cansava de ver seus vídeos no youtube, reunir amigos e familiares pra ver e, ao mesmo tempo, me divertir e refletir sobre o que ele dizia. Não me arrisco a dizer que Dalborga (como nós os fãs carinhosamente o chamava) era a última reserva moral desse país. Infelizmente teremos muitos casos sujos de impunidade no Brasil. Mas daqui pra frente infelizmente não teremos o Dalborga revoltado pronto pra dizer tudo aquilo que a maioria das pessoas quer dizer, mas não teve coragem de assumir. Descanse em paz, Mestre!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

RINITES COTIDIANAS - CIRCUITOS FECHADOS

"Ele desvia das pessoas rapidamente em meio a hora do rush. Seu trajeto pela Carioca parece uma costura torta. Tentava sem sucesso fugir da multidão ou esbarrar nas pessoas, precisava chegar logo em casa. Seus pensamentos eram um turbilhão intenso de imagens, sons e sentimentos. Como um espasmo ou até mesmo uma intervenção divina, ele para no meio da Rio Branco e olha o relógio: 18:27. Mais três minutos e ela sai daquele prédio e vai pra casa, pensou. Como será que ela está? Com que roupa ela foi hoje? Será que pintou os cabelos? Reforçou as mechas? Que esmalte? Que sapato? Scarpin preto? E um novo furacão de lembranças quase sinestésicas o atormentava.

Tinha mais de dois meses que o relacionamento havia chegado ao fim mas, independente disso, ela nunca saiu de sua mente. Não importava o que fazia ou onde estava. Lembrava dos momentos quando passava pelos lugares em que estiveram juntos, nos bares ao ver casais - principalmente ao ver mulheres de tipos semelhantes ou mesma cor de cabelo - ao escutar uma música, independente de ser no ônibus, na tv, no trabalho ou na academia. Era sempre aquela lembrança, aquele perfume e o baque na boca do estômago.

Precisava de válvulas de escape. Era hora de mergulhar nas aventuras, na putaria. Frequentar inferninhos, cair na solteirice, tentar ser cafajeste. Tudo era válido: strippers, biritadas e filmes pornôs. Resolveu então procurar atrizes que em nada se pareciam com a ex. Mas a mente dava cãimbras, trapaceava: sempre aparecia uma garota semelhante àquele anjo do Andaraí. Filmes eróticos já não eram suficientes, as comparações eram inevitáveis, conhecia bem cada pedaço daquele corpo, inclusive as medidas exatas daquela escultura. Não fazia diferença se era loira ou morena, as 39 polegadas de quadril estavam sempre presentes. Sentia uma ponta de orgulho quando os amigos deliravam com alguma puta de catálogo online ou rasgavam elogios a alguma atriz pornô parecida com a sua ex-namorada. Quanto mais fugia, mais ela atormentava.

A agonia não parecia ter fim. Já não podia olhar aquele ensaio fotográfico com a gostosa do mês na internet, ou a mais nova capa de revista. Quanto mais ele fugia, mais ela assombrava. Não escutava mais Alice in Chains. Evitava a Cinelândia. Evitava sites eróticos. Evitava perfumarias, J'Adore, Nina Ricci. Não bebia mais Sex on the Beach. Evitava Flower Tucci, Alexis Texas. Cansado e ciente de que precisava de um subterfúgio para curar a ressaca amorosa com urgência, decidiu apelar pro velho serviço de acompanhantes e estava disposto a pagar uma quantia bem cara.

Passava das oito da noite quando entrou no prédio da Barata Ribeiro e foi direto ao sexto andar. Precisava aliviar sua tensão com uma profissional e teria uma hora para relaxar e esquecer o fantasma loiro que o perseguia. Monique o aguardava vestindo uma imitação de scarpin, meias 7/8, cinta-liga e lingerie. Tudo preto. Ao abrir a porta, soube como ela estava. Soube ao menos com que roupa esteve hoje. Mesmo scarpin. Mesmo perfume. Mesmas medidas. Mechas pretas. Esmaltes vermelhos. Nome diferente."

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

SAUDOSISMOS Pt 4 - ENLATADOS LEGAIS

Levaram José Mojica Marins - ou "Coffin Joe" como é conhecido mundialmente com louvor o nosso grande "Zé do Caixão" - ao cinema para assistir "Lua Nova", esse romancezinho de vampiros emo-neogótico-pseudodark pra lá de fraquinho. Não é necessário dizer que o bom e velho Zé detonou com o enlatado mas vale expor o que o mestre disse: "Não entendo o que as mulheres veem de tão fatal nele! O cara não tem força expressiva, não movimenta os músculos do rosto!". Ao ler os comentários tanto de Mojica quanto dos interneteiros de plantão deixando suas opiniões sobre a matéria, veio à minha cabeça várias ingadações e observações e o desconforto seguido de decepção que, assim como a de Mojica, foi inevitável.

Lembro bem que a minha geração foi aos cinemas assistir "Filadelfia" e ouvia Pearl Jam e Alice in Chains. No Brasil, ainda tinha a Legião Urbana e os Engenheiros do Hawaii na época do power trio. Tudo bem, na época eu tinha uns 12 anos, pirralho, no primeiro degrau da adolescência e nessa fase é normal querer abraçar o mundo, conhecer várias coisas. Logo, é inevitável consumir besteiras já que você ainda está formando sua personalidade e com o tempo, seu senso crítico fica mais apurado para separar o joio do trigo e não ser mais radical. Mas se você entra em contato com coisas de qualidade esse processo ganha agilidade.

É óbvio que existiam coisas patéticas, bandas ridículas e séries idiotas (não sei porque, mas lembrei de Melrose), basta dar uma pesquisada básica que você encontra. Mesmo assim, já parou pra prestar atenção no que os teenagers da época gostavam? As patricinhas ao abrir revistas como "Capricho" e similares afins davam de cara com letras traduzidas de Guns and Roses, Bon Jovi (isso até pouco tempo era comum) Aerosmith, Poison e - pasmem - Skid Row. Sim, as patricinhas abobalhadas gostavam de cabeludos roqueiros e de hard rock farofa. Mas há de convir que a coisa piora a cada dia que passa. A molecada gosta de Fresno, NX Zero, adora a série Crepúsculo, quando gosta de algo diz que "é tudo de bom", exalta um bom mocismo pra lá de hipócrita (leia-se Jonas Bros)e cospe idiotices na web em 140 caracteres. Pensando bem, precisa mesmo de mais? É, estou ficando velho...

domingo, 30 de agosto de 2009

O NOVO HINO NACIONAL

Vejam agora, senhoras e senhores, a mais nova versão do Hino Nacional Brasileiro. Que Osório Duque Estrada nada! Agora é com Vanusa e João Bemol (será que é o nome artístico dele mesmo?) que iremos "entoar" o hino nos estádios, cerimônias, escolas, datas cívicas e encontros etílicos.

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

SAUDOSISMOS Pt 3 - MIOPIA

Certo dia estava no meu trabalho quando um amigo começou a falar sobre uma "happy hour" que fica ali na final da Rio Branco, bastante conhecida por ser o reduto da galera quarentona, que agora tenta recuperar as últimas gotas de embalos de sábado e relembrar os "áureos tempos". O local fica repleto de coroas recém saídos dos escritórios da cidade. Seus olhos brilhavam e era quase comovente ver o deleite do amigo ao descrever seus bons tempos: "cara, era maravilhoso! Não tinha essa violência toda, Rio era melhor (nisso tenho minhas dúvidas), as músicas eram melhores, as noitadas eram melhores, nossa, tudo era maravilhoso, aproveitei tanto que voltaria e faria tudo de novo. Por isso que vou lá nesse happy hour e chuto o balde, porque só rola som dessa época!" Óbviamente que seria bizarro ver coroas curtindo Kilswitch Engage com o mesmo entusiasmo de Bee Gees.

Recentemente eu mesmo fui pego por esse vírus. Um amigo bem mais novo, entrando nessa vida de "sex, drinks and metal" me perguntou como era nos velhos tempos da Rua Ceará, na Praça da Bandeira. Eis a conversa: "...Diziam que lá era bonzão, mas eu nunca peguei essa fase. O que tinha lá?"

"Sinceramente? Porra nehuma! hahaaha... Assim, onde é o Heavy Duty atual, era um enorme espaço vazio que servia de garagem, porque ali era um galpão. Sempre rolavam umas putarias ali, por trás dos carros. Ao lado do HD antigo tinha um bar... E ambos lotavam tanto que tinha uma porrada de mesa pela rua, daí você andava mais uns passos e tinha o Garage, que era a tal "lendária" casa de shows undergrounds... Do outro lado da rua, no muro da garagem de busões de turismo tinham os maconheiros e os podrões cheios de salmonela... No final da rua tinha o bar dos punks, era toscaço... Então, parecia um enorme carnaval de roqueiros, uma festa de rua de gente vestida de preto, sacou?

"Com o tempo o mal se alastrou para outros dominios...hahahaha! Abriram mais bares horríveis e mal frequentados na outra esquina, em direção a Mimosa... Ali era onde colavam os mais toscos e maloqueiros. Nunca vi lugar mais mal frequentado! Era muito "favela forces", rolava muito tiro! Era bem "death metal". Aquilo era o umbral, mas como era moleque, sem grana e sem perspectiva, pilha sempre acesa, ia direto pra lá. Tinha épocas que todo santo sábado estava lá e podia ir sozinho que encontrava nego e enchia o pote por bagatelas baixas. E quando as putas andavam por lá a paisana dar um rolé? E os carinhas - era uma pedreirada abissal - que iam pro puteiro? Bastava andar sem blusa de banda ou sem estar "à caráter" que denunciava a visitinha ás primas."

"Bons tempos... Mas com o tempo nego começou a reclamar, a reclamar e no final a gente parecia um bando de velho. A coisa desandou aos poucos, as pessoas foram crescendo e se livrando daquilo, foi ficando cada vez mais vazio, entediante e decadente até que o bar saiu dali e acabou de vez. O encanto da bruxa acabou. A rua hoje em dia é aberta todos viveram felizes para sempre! Era foda cara... Bons tempos... Mesmo sendo uma merda..."

O que se nota nesses comentários é que realmente o saudosismo nos deixa tão míopes a ponto de não percebermos que os bons tempos recebem toda essa embalagem mágica pelo simples fato de que então éramos jovens. Basta por um óculos de bom senso pra perceber que as coisas não eram tão mágicas assim. A juventude romanceia tudo, porque é de fato a melhor fase da vida. Mas como eu disse anteriormente... "Bons tempos... Mesmo sendo uma merda..."

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

RINITE COTIDIANA - CIRCUITOS FECHADOS

"Ele desvia das pessoas rapidamente em meio a hora do rush. Seu trajeto pela Carioca parece uma costura torta. Tentava sem sucesso fugir da multidão ou esbarrar nas pessoas, precisava chegar logo em casa. Seus pensamentos eram um turbilhão intenso de imagens, sons e sentimentos. Como um espasmo ou até mesmo uma intervenção divina, ele para no meio da Rio Branco e olha o relógio: 18:27. Mais três minutos e ela sai daquele prédio e vai pra casa, pensou. Como será que ela está? Com que roupa ela foi hoje? Será que pintou os cabelos? Reforçou as mechas? Que esmalte? Que sapato? Scarpin preto? E um novo furacão de lembranças quase sinestésicas o atormentava.

Tinha mais de dois meses que o relacionamento havia chegado ao fim mas, independente disso, ela nunca saiu de sua mente. Não importava o que fazia ou onde estava. Lembrava dos momentos quando passava pelos lugares em que estiveram juntos, nos bares ao ver casais - principalmente ao ver mulheres de tipos semelhantes ou mesma cor de cabelo - ao escutar uma música, independente de ser no ônibus, na tv, no trabalho ou na academia. Era sempre aquela lembrança, aquele perfume e o baque na boca do estômago.

Precisava de válvulas de escape. Era hora de mergulhar nas aventuras, na putaria. Frequentar inferninhos, cair na solteirice, tentar ser cafajeste. Tudo era válido: strippers, biritadas e filmes pornôs. Resolveu então procurar atrizes que em nada se pareciam com a ex. Mas a mente dava cãimbras, trapaceava: sempre aparecia uma garota semelhante àquele anjo do Andaraí. Filmes eróticos já não eram suficientes, as comparações eram inevitáveis, conhecia bem cada pedaço daquele corpo, inclusive as medidas exatas daquela escultura. Sentia uma ponta de orgulho quando os amigos deliravam com alguma puta de catálogo online ou rasgavam elogios a alguma atriz pornô parecida com a sua ex-namorada. Quanto mais fugia, mais ela atormentava.

A agonia não parecia ter fim. Já não podia olhar aquele ensaio fotográfico com a gostosa do mês na internet, ou a mais nova capa de revista. Quanto mais ele fugia, mais ela assombrava. Não escutava mais Alice in Chains. Evitava a Cinelândia. Evitava sites eróticos. Evitava perfumarias. Não bebia mais Sex on the Beach. Evitava Flower Tucci, Alexis Texas. Cansado e ciente de que precisava de um subterfúgio para curar a ressaca amorosa com urgência, decidiu apelar pro velho serviço de acompanhantes e estava disposto a pagar uma quantia bem cara.

Passava das oito da noite quando entrou no prédio da Barata Ribeiro e foi direto ao sexto andar. Precisava aliviar sua tensão com uma profissional e teria uma hora para relaxar e esquecer o fantasma loiro que o perseguia. Monique o aguardava vestindo uma imitação de scarpin, meias 7/8, cinta-liga e lingerie. Tudo preto. Ao abrir a porta, soube como ela estava. Soube ao menos com que roupa esteve hoje. Mesmo scarpin. Mesmo perfume. Mesmas medidas. Mechas reforçadas. Esmaltes vermelhos."

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

RINITE COTIDIANA - OTÁRIO VINGATIVO

"Ele penteia os ralos cabelos brancos e desce a Manuela tranquilamente. O trajeto é ridículo de pequeno, não chega a dez metros de seu portão. Dobra na Constança e caminha mais três metros. Entra no bar, olha ao redor despretensioso e arrogante para cada um e pede uma cerveja. Semblante tranquilo, mente frenética. Aquele filho da puta não vai passar de hoje. Aquele sorriso cínico amarelado repleto de obturações velhas e bafo de cachaça não vai ter mais motivos pra aparecer.

O calor é insuportável. As máquinas de caça níquel também. Ele estava cansado das gracinhas, da arrogância, do jeito malandro, mascarado e galanteador de quinta. Odiava malandros, logo, nunca foi com os cornos do cara e, depois daquele sábado em que fora humilhado ao ficar sem respostas na frente de todos, viu que alguém precisava de uma lição.

Três copos. "Vai mais uma, patrão?" diz o muquirana. Ele acena positivamente sem esboçar nada. Olhos petrificados prontos pro abate. Semblante vermelho. Não vê a abençoada cerveja suada no balcão. Não vê nada. Três estampidos secos. Três balas no peito. Corre-corre, gritaria e uma bela golada pra refrescar e descer a adrenalina.

Paga a conta e vai dar voltas pelo bairro. Era hora de desfrutar a morte do malandro, afinal, menos um vagabundo no mundo. Se fosse um pouco mais esperto, não daria voltas pelo bairro, desdenhando da inteligência alheia e desafiando a própria sorte, achando-se impune. E quem ousaria incriminar um tranquilo senhor de meia idade da vizinhança?

Três horas. Anoitece e de repente uma ventania faz a temperatura cair. O tempo muda e a sorte dele também. Ao dobrar a esquina e voltar pra casa, é surpreendido por amigos e familiares da vítima, ainda estirada no chão do bar. Quebram-lhe os dentes pra calar a boca e a perna pra não poder correr. O velho tarado, que cantava as garotinhas da escola, aquele vizinho escroto irritante capaz de acabar com a paz de espírito da vizinhança, arrogante, implicante e encrenqueiro estava estirado no chão. "Isso é uma covardia!" grita uma idiota da janela ao ver a surra que o velho levava. "Covardia foi o que ele fez! Ele matou meu irmão quando ele estava trabalhando, porra!"

Dizem por aí que a vingança é a arma do otário. Ainda mais quando o otário subestima a inteligência alheia. A sorte não aceita desaforo e tudo realmente pode mudar de uma hora pra outra. Os dados rolam o tempo todo e seus resultados são meramente randômicos. Seu deleite foi pro ralo assim como o sangue que escorria da sua cabeça."

terça-feira, 4 de agosto de 2009

SAUDOSISMOS Pt 2 - VHS

Ao acessar o you tube e selecionar uma penca vídeos antigos pra assistir, sejam clipes de bandas antigas, Trapalhões, Monty Python ou as pegadinhas do Ivo Holanda, lembrei imediatamente das fitas VHS. As linhas denunciando "trackings" mal ajustados, fitas amassadas, as cores, ruídos brancos e granulações típicas das fitas fizeram-me voltar no tempo e relembrar quando os videocassetes eram presença maciça nas casas. Obviamente, o vírus do saudosismo e as lembranças das "VHS trades" entre amigos, a expectativa em ver o "Fúria" de madrugada ou até mesmo de ver um clipe bacana avulso pela TV vieram à tona.

Quando a MTV chegou ao Brasil em 1990, surgiu outro tipo de "tape trade": das fitas VHS com clipes. Com o surgimento do "Fúria" (adaptação brasileira para o "Headbanger's Ball" dos states) a troca de fitas ficou ainda mais frenética. Quem não tinha dois videos arrumava logo um jeito de levar pra casa de um amigo pra gravar e curtir os videoclipes das bandas prediletas. Assim como as fitas k7, as VHS também serviram de meio para que muitas pessoas conhecessem bandas novas.

Mas o VHS não servia só pra gravar clipes. Muitas famílias registraram festas de 15 anos, casamentos, batizados, bar-mitzvas, festas e até mesmo cenas ridículas nos tais eventos sociais. Era mais um recurso pra quem antes só podia ter um álbum de fotos como recordação. No final das contas, ver essas fitas rendiam muitas gargalhdas e reuniões divertidas. Nada melhor do que ver parentes e chefes bêbados e sem noção do ridículo nas festas.

Falar de VHS e não falar de locadora de filmes é impossível. Quem não devolvesse os filmes rebobinados era multado e não era raro as fitas alugadas sujarem as cabeças ou até engasgarem no video. Existiam até placas de aviso nas locadoras, ao lado das que apontavam a sessão erótica, de fitas vermelhas e rosa-shocking. Aluguel de fitas dava grana e muita gente tirava seu sustento dali. A prova disso era uma locadora no Rio de Janeiro que chegou a abrir uma rede com mais de dez lojas por toda a cidade mas, assim que o DVD surgiu, não demorou um semestre pra decretar falência e desaparecer.

Esta criação japonesa foi de extrema importância para a perpetuação da memória televisiva, pois inúmeras pessoas gravaram programas de TV e videoclipes que hoje estão no you tube e nos blogs pela web a fora. Basta uma pesquisada básica pela internet que você acha aquela série, um jogo especial ou aquele musical de vinte anos atrás. Muitas raridades estão à venda ou disponíveis pra downloads.

As VHS quebraram também várias correntes: não dependíamos só da TV para ver alguma coisa ou esperar por uma reprise, pois era só programar o video pra gravar enquanto estávamos fora. Se não fossem as fitas, provavelmente as imagens ficariam perdidas em nossa memória e seria impossível revê-las nos dias de hoje.

sábado, 1 de agosto de 2009

SAUDOSISMOS Pt 1 - FITAS K7

As fitas K7 foram de extrema importância para a música. Para os adolescentes que não viveram a época, as K7 tinham a mesma função do mp3. Ao invés de trocar arquivos e procurar por links via web, trocávamos e gravávamos fitas e muitos artistas conquistaram adeptos desta maneira. As fitas eram de diversos tamanhos: 45, 60 ou 90 minutos. Tinham especificações como ferro extra, cromo, super cromo, hiper mega e quando o CD surgiu, vieram as que prometiam "fidelidade ao som digital". Em muitos dos casos, as gravadoras inclusive lançavam fitas simultaneamente ao lançamento do LP, prática extinta com o surgimento do CD. As fitas k7 salvaram os ouvidos de muitos "duros" e foi responsável por divulgar artistas e até influenciar diretamente no genoma musical de muitas pessoas, principalmente de quem vos escreve.

Lembro claramente de descer as ruas do meu bairro com uns trocados no bolso pra comprar fitas k7. Fazia estoque, pois quando alguém aparecia com alguma raridade - e naquela época muitos álbuns principalmente de rock pesado eram bastante difíceis de achar no Brasil - já estendia a fita k7. Isso era praxe até mesmo com os lançamentos. Não importava se era raridade ou lançamento, a vontade de gravar a fitinha pra ouvir em casa ou no walkman (lembram disso?) era a mesma. Até mesmo copiar de outra k7 era válido, mesmo ciente de que a qualidade era sofrível. Quando estava completamente ferrado, atacava fitas velhas e coleções inteiras de cursos de idiomas viraram álbuns do Sepultura, Black Sabbath, Ramones, Misfits, etc.

E por falar em walkman, quem nunca voltou uma fita com canetas, girando freneticamente pra não gastar pilha? E quando as fitas prendiam no deck? Lembro como era frustrante ver uma fitinha se transformar num macarrão de carbono e ferro. Alguém desmagnetizava fitas com ímãs pra "revirginizar" a dita cuja? Outro artifício muito usado lá em casa.

Roqueiros, punks e bangers de gerações anteriores a minha costumam falar sobre uma prática muito comum. Como as coisas demoravam muito pra chegar ao Brasil, quando uma banda lançava um trabalho era comum fazer um racha pra comprar o LP. As vezes o dono do LP avisava a turma pra entregarem suas fitinhas pra gravar pra todos. Era uma prática de valor social inestimável que infelizmente se perdeu com o passar dos anos.

Ao olhar pras fitas k7 remanescentes de uma extensa coleção, veio à memória os fatos e histórias de cada aquisição. Muitas se perderam, outras estragaram. Cada uma delas tem uma história e agora, elas ficam obsoletas no canto, cobertas tanto pelas poeira das caixinhas como pela poeira do tempo.

terça-feira, 28 de julho de 2009

ABOUT SAUDOSISMO

Segundo o dicionário, a palavra saudosismo significa ter apego ao passado, ter fidelidade a ideias, usos ou costumes que não são mais admitidos ou tendência a elogiar o passado ou coisas relacionadas a ele. De qualquer forma, o saudosismo é uma espécie de virus que todos nós temos e muitas vezes não admitimos. Já os seus sintomas, variam de acordo com a pessoa.

Quando nos remetemos ao passado, lembramos imediatamente que éramos mais jovens e assim tudo parece ter mais cor. A brisa juvenil que as memórias trazem do passado pinta uma aquarela viva, de sabores e cores realçadas, o coração palpita mais forte e um turbilhão de lembranças e bons momentos nos inebria. As dificuldades de outrora já estão superadas, esquecidas, anestesiadas. Como é bom lembrar do passado, ainda mais quando estamos entre amigos. É uma fartura de risos.

O saudosismo apesar de ser benéfico, é por vezes míope. Não lembro de ninguém, ao fazer comparações, dizer que atualmente é melhor que o passado, principalmente quando o assunto é praticidade e comunicação. A telefonia evoluiu muito dos tempos da ficha pra cá, ninguém parece trocar mais cartas na era dos emails, o vinil morreu, o VHS também e hoje em dia podemos conversar e trocar mensagens com pessoas do outro lado do mundo.

Mesmo assim, sentimos saudades do vinil, de certos programas de TV, do VHS, da fita k7, do mundo bipolar, dos vales de papel, de um mundo onde as coisas eram um pouco mais lentas. E todos nós éramos mais jovens. O mundo era mais colorido, mesmo quando as imagens da tv eram em preto e branco. As dificuldades eram mínimas, a vida era mais simples e a gente era feliz e não sabia.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

100 ANOS DE GRENAL

No linguajar futebolístico, um "derby" é quando duas equipes rivais de uma mesma cidade se enfrentam. Enquanto no Brasil, o nome mais usado para esse tipo de confronto é "clássico", lá no exterior esse termo é usado quando duas equipes arquirrivais são de cidades diferentes, como no caso de Real Madrid e Barcelona. Já no Brasil cada cidade grande tem o seu, mas que me perdoem os torcedores de outros times e moradores de outras partes do Brasil, não há no país rivalidade maior que a de Grêmio e Internacional.

Ambos não figuram entre as maiores torcidas do Brasil, estão longe demais das capitais mas por que é a maior rivalidade do país? Há uma série de fatores. A principal com certeza é a relação de amor e ódio. Uns apontam o equilíbrio e a intensidade da disputa dentro e fora do campo. Há quem diga que é pelo fato da divisão ser severa dentro do Rio Grande do Sul, já que em outros lugares há mais de dois times grandes e tradicionais. Mesmo assim, há estados em que, mesmo com times grandes compondo um derby, muitos de seus habitantes preferem torcer pra times de fora, coisa praticamente inexistente na terra do gre-nal.

Em um século de existência, foram 376 confrontos, com 141 vitórias coloradas, 118 gremistas e 117 empates. Ambos são campeões nacionais (o Inter tem três nacionais e uma Copa do Brasil enquanto o Grêmio tem dois nacionais e quatro copas), da Libertadores e até um Mundial Interclubes pra cada lado.

Um sempre leva a vantagem no outro em algum quesito. Se um tem, o outro se mobiliza e corre atrás pra conquistar também. Não importa se é um título ou até mesmo um projeto de modernização de seus estádios. No Sul, ou você está de um lado ou de outro e isso se aprende desde cedo ou como diz o colorado Luís Fernando Veríssimo, a escolha acontece no exato momento em que você pisa no aeroporto.

Essa dicotomia tão radical foi capaz até mesmo de mudar atitudes de empresas patrocinadoras. Basta ter como exemplo uma marca de refrigerantes que teve de mudar a placa de publicidade no Olímpico só por ter as cores do Inter. Houve casos em que o patrocinador - principalmente se tiver sede em Porto Alegre - teve de ser o mesmo para os dois times, pra evitar perda de clientes e consumidores. Outro exemplo que ilustra bem o teor da rivalidade são os documentários. O Grêmio fez um documentário contando a saga da "Batalha dos Aflitos", quando o time voltou à primeira divisão e em resposta, o Inter fez outro tendo como tema a conquista do Mundial de Clubes no Japão.

Uma típica rivalidade tem em seus ingredientes disputa acirrada, revanchismo eterno, provocações e até um clima de guerra. No caso gre-nal, a guerra é declarada e dificilmente um jogador que teve identificação com um lado terá com o outro. Os que chegam aos clubes imediatamente são tomados pela rivalidade. É justamente essa intensidade tão forte a ponto de derrubar qualquer sombra de imparcialidade que faz a diferença. Quando se fala em gre-nal tudo é tão intenso que se passa dos limites do normal.

sexta-feira, 17 de julho de 2009

LOS PINCHES CAMPEONES

O Estudiantes calou a boca de 60 mil cruzeirenses e milhões de brasileiros que adoram secar qualquer coisa que venha da Argentina ou fale espanhol e sagrou-se em pleno território inimigo tetracampeão da Libertadores da América. Los pinches - como é conhecido o time e os torcedores do Estudiantes - tiveram de esperar 39 anos por esse momento. A imagem do Verón beijando e levantando a taça certamente ficará eternizada na história do futebol. Já o Cruzeiro, manteve a nova escrita do futebol: times brasileiros amarelando na final da Libertadores.

Brasileiros adoram dizer que os hermanos são arrogantes, marrentos, mas a verdade é que os caras são mesmo estourados, abusados e malandros. E isso é o que mais adoro, quando o assunto é futebol. Nada melhor do você ganhar na casa do seu adversário e nesse quesito, os argentinos são doutores. Quanto menos coisas a favor, melhor. Serve de combustível. O problema é que o futebol brasileiro, passado 40 anos de Libertadores, não aprendeu e continua fazendo vexame. Os números não mentem: a Argentina tem 22 Libertadores e apenas 8 vices enquanto o Brasil tem 13 taças e 15 vices.

O Cruzeiro merecia levar o titulo pra Belo Horizonte? Pela campanha e pelo futebol que jogaram durante a competição, sim. Seria ótimo pro futebol do Brasil. Mas só pelo clima de "já ganhou", pelo menosprezo da própria mídia nacional em relação ao Estudiantes e pela postura apática, nervosa e sem sangue - o Ramires tava com a cabeça na Europa e nem aí pro jogo - a taça está em La Plata merecidamente.

O que falar de dois ou três mil torcedores que encararam mais de 50 horas de estrada e ainda tiveram a disposição de gritar e cantar como se estivessem em casa a ponto de fazer muito mais barulho que os 60 mil cruzeirenses, que estavam no conforto de sua arena/casa? Catimba? Milonga? Arrogância? Fanatismo? Não, meus caros. Eu vejo também a raça, paixão, técnica e uma entrega descomunal em campo. É por isso que eu torço descaradamente pro futebol argentino. Parabéns, los pinches!

quinta-feira, 16 de julho de 2009

DIA DO ROCK

No dia 13 de julho se comemora o "Dia Mundial do Rock". A celebração começou em 1985, quando nesta mesma data, foi realizado simultaneamente em Londres e Filadélfia, Estados Unidos, o Live Aid, organizado por Bob Geldof e com a intenção um tanto utópica de acabar com o problema da fome na Etiópia. O evento foi transmitido para diversos países e reuniu um belo cast de estrelas do rock/pop. Em 2005, Bob Geldof retornou com a bela iniciativa do Live Aid e expandiu tudo: das reinvidicações ao cast, das transmissões às cidades sedes.

Durante anos a data recebeu a poeira do esquecimento, sendo lembrada esporadicamente. Com o passar do tempo, as rádios e estações de TV viram na data uma boa desculpa cínica para por na sua grade de programação matérias um tanto equivocadas sobre o assunto e seu riquíssimo acervo roqueiro que estava, assim como a data, recebendo banhos de poeira nas estantes. Nada como uma anistia aos ouvidos.

Há de convir que é sempre bom ligar a TV e ver alguma coisa que preste. Logo, a data serve também para nos livrar, por pelo menos um dia, daquela ditadura tenebrosa do hip-hop americano, com suas Britneys, 25 Cents da vida e tranqueiras afins. Mesmo assim, o rock é grandioso demais pra ser homenageado num dia e quem gosta - assim como eu - desse velho teenager cinquentão, sabe que ele é de fato celebrado todas as vezes em que nos dirigimos aos bares pra assistir uma banda ou simplesmente ter o prazer de beber e se divertir ao som das bandas que tanto admiramos.

sábado, 4 de julho de 2009

MEMÓRIAS DELETÁVEIS

Com a velocidade em que as coisas ocorrem nos dias de hoje, as nossas memórias e registros a cada dia se tornam mais descartáveis. Nos livramos das imagens muito mais fácil do que antes. Parece contraditório se percebermos que o número de fotos e vídeos provavelmente tenham quadriplicado em relação ao somatório das últimas duas décadas. Mas naquela época tudo era analógico e o mundo parecia andar mais devagar.

Basta ter como exemplo a fotografia, ainda mais usada como registro de imagens, memórias, momentos, o que seja. Eu me lembro muito bem que levávamos - e isso não tem tanto tempo assim -, máquinas analógicas grandes, daquelas que era necessário um filme com número X de poses para eventos importantes. Tirávamos as fotos, fazíamos poses sem direito a segunda chance. Não existia aquela coisa de "deixa eu ver como ficou" e "deleta e tira de novo". Revelávamos as fotos e dias depois estavam todas no álbum, inclusive as reprováveis, com poses estranhas, risíveis e tudo o mais.

Tudo mudou. Clicamos pra frisar a imagem. Gostou? "Control C" e guarde numa pasta em um PC qualquer. Não gostou? Delete e tire de novo. A dinâmica é outra. Não há mais X poses por filme e sim tantos "mega" de espaço e tantos "pixels" de qualidade. Não precisamos de mais negativos para duplicação. Os álbuns de fotografia são pastas de arquivos num PC. Não nos reunimos em volta dos álbuns já que agora está tudo no computador. Deletamos, duplicamos e armazenamos como bem entendemos.

Ao que parece, as facilidades que a tecnologia nos trouxe transformaram os registros e memórias em algo meramente descartável. Não que no passado não se jogava fora, mas isso era algo mais difícil de acontecer. Não nos reunimos com nossos amigos e parentes para degustar e lembrar dos fatos em volta dos álbuns. Deletamos. Copiamos. Colamos. Esquecemos e nos distanciamos na velocidade dos avanços.

segunda-feira, 29 de junho de 2009

VIKING YOURSELF!

O simples ato de comer uma coxinha ou frango à passarinho desperta e põe pra fora o viking que há dentro de cada um de nós. Sim, pois você não precisa ser um gênio para notar que comer as coxinhas com garfo e faca dificultam a degustação a ponto de parecer patético e porque não, frescurento.

Quem nunca se viu numa situação assim? Você sai com uma mulher (não importa se ela é a sua namorada, peguete, flerte, etc e tal) ou está em um jantar/almoço fora de casa e chegam aquelas suculentas coxinhas e asinhas de frango assado. Todo mundo controla ao máximo aquele ser bruto que pega com a mão, devora com os dentes raivosos e sacia sua fome/prazer. Sempre tem um que prefere pegar o garfo. Há quem pegue guardanapos. Pra mim, guardanapo é pra limpar a gordura.

Muita gente pode lembrar a figura de Dom João VI, mas eu prefiro a dos vikings, pois são excelentes avatares da grosseira, brutalidade e sinônimos afins. Quando você for comer frangos fora de seu habitat natural, não esquenta a cabeça se já expôs seu lado viking enquanto os outros fazem malabarismos ridículos com garfos e facas, pois pelo menos você é autêntico e por incrível que pareça bem educado.

Agora entendo porque distribuem salgadinhos empanados nas festas e self-services pela vida: coibir o constrangedor lado viking e adaptar as coxinhas em salgadinhos empanados mutantes de fácil manuseio para garfos, facas e guardanapos.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

GOD OF POP

O dia 25 de junho de 2009 entra pra história da pior maneira possível. Hoje Michael Jackson partiu pro andar de cima. Deixa um legado enorme o suficiente para ser chamado de o "rei do pop". Afinal, ele revolucionou a linguagem dos video-clips, dos shows ao vivo, da dança e quebrou recordes de vendas de discos: só o Thriller, de 1982, vendeu mais de 100 milhões de cópias em todo mundo.

O que falar de um dos poucos artistas a entrarem duas vezes ao Rock And Roll Hall of Fame, vários recordes registrados no Guinness World Records - um deles para Thriller como o álbum mais vendido de todos os tempos - dezenove Grammys em carreira solo e mais de 40 músicas a chegar ao topo das paradas? E os 750 milhões de cópias? Presença quase onipresente na mídia, nas pistas de dança, nas festas e figura messiânica em turnês pelo mundo.

Quem nasceu após o surgimento de Michael Jackson não passou imune ao seu sucesso e as suas influências. Muita gente, dos manos das quebradas do hip hop aos mais radicais roqueiros do heavy metal, principalmente os que foram crianças nos anos 80. Quem não se lembra da espectativa criada em cima do lançamento do mais novo clip de Michael? E os cartazes nas lojas? E os vinis? (nossa, quanta saudade...) Quem nunca quis imitar os passos? E o moonwalk? E os video games?

Michael Jackson era a personificação da pop music de qualidade. Coisa que jamais veremos, pois a época é outra. Hoje o céu ficou mais estrelado. A música perdeu um fenômeno. Fica o seu enorme legado por toda a posteridade. E a tristeza por ver um gênio partindo...

quarta-feira, 24 de junho de 2009

FESTAS JUNINAS

Quando chega o mês de junho no Brasil logo vem a mente as bandeirolas coloridas, fogueiras, mar de barracas repletas de comidas, doces e bebidas típicas, gente nas ruas num clima pacífico e bastante frio. É epoca de inverno e festa junina. Desde cedo, ainda na escola, a gente veste aquelas roupas pra dançar quadrilha e sabe bem que vai ter festa regada. Mas, essa fartura toda tem um motivo: as festas comemoram os dias de Santo Antônio (13/06), São João (24/06) e São Pedro (29/06). Apesar de ser - ao lado do carnaval - a maior manifestação cultural do Brasil, essa herança veio para nós através dos portugueses, que mantém a tradição viva até hoje. Não é por acaso que os dias dos três santos são feriados em Portugal. Mas os lusitanos não são os únicos a festejar pela Europa.

As origens da festa junina nos levam até a Idade Média, quando os pagãos celebravam o solstício de verão. Com o tempo, a festa do "midsummer" foi sofrendo "cristianização" e assim ficou atribuída à festa de São João Batista, que também é celebrado no dia 24 de junho. Como todas as celebrações pagãs tinham a presença de uma fogueira, a do solstício não poderia ser diferente. Daí a origem das fogueiras típicas de São João. Já os outros elementos pirotécnicos - balões, buscapés, fogos, etc. - são todos de origem portuguesa, embora sejam essenciais nas festas pelo Nordeste e em algumas regiões de Portugal. Outro sinal que aponta ao paganismo é o mastro erguido durante a festa para celebrar os três santos. Na Suécia, é comemorado o "midsommar" que, depois do Natal, é a festa mais celebrada no país e tem inúmeras semelhanças com as festas brasileiras.

As quadrilhas foram trazidas ao Brasil pelas elites que importavam tudo que vinha da França. Mesmo assim, ela se popularizou entre as classes mais populares e rurais e a dança francesa cedeu espaço as inúmeras manifestações, danças e ritmos brasileiros. O vestuário campesino é outro sinal de como a população rural acabou recriando as quadrilhas brasileiras a ponto de não ter mais nenhuma semelhança com as francesas. Vale ressaltar que o vestuário rural também é característico em Portugal e na Suécia.

Apesar das festas juninas brasileiras serem tipicamente nordestinas e bastante tradicionais pelo interior do país - principalmente a área que vai do norte do Paraná e vai até Goiás -, lugares como o Rio de Janeiro celebram também devido a influência católica, portuguesa e da migração nordestina. De qualquer forma, é uma belíssima manifestação cultural tanto no Brasil como em Portugal.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

BABIES REVENGE

Os babies nascidos entre 1978 e 1982 foram os mais "estraga-prazeres" do mundo. Digo isso com toda certeza, pois fui um deles. Foi essa geração entre copas do mundo de resultados pra lá de frustrantes pro Brasil varonil que acabou com os "Embalos de Sábado à Noite", jogou John Travolta e Olivia Newton John pra escanteio e fez as "stellas" e "tony maneros" perderem noites de sono preocupados com as nossas cólicas e choros copiosos, quando momentos antes os mesmos viravam noites maravilhosas em boates, derrubando cubas libres e drinks diversos numa época em que se podia viver uma "night fever" sem se preocupar com a violência.

Enquanto os punks gritavam pelas periferias que odiavam o John Travolta, nós, singelos bebês angelicais acalentamos a disco music com um simples choro. Nossas gargantas eram mais brutais que as de Gloria Gaynor! Nossos penachos e fraldas foram mais potentes que os moicanos, rebites e couro! Logo, fomos mais punks no berçario do que os próprios pelas ruas! Coincidência ou não, em 82 e 84 os punks ingleses do GBH lançaram "City Baby Attacked By Rats" e "City Babies Revenge".Yeah! Babies rocks!

Toda aquela cabeleira setentista foi tosada, as roupas coloridas e as bocas de sino foram ficando de lado. As noitadas oníricas foram minguando, aquela geração "night shifts" atingia a vida adulta e dividia espaço com os "yuppies", cedendo lugar aos adolescentes New Wave, assim como a fúria punk cedia espaço a melancolia "pós-punk" de The Smiths, Cure, Legião Urbana e outros. Mesmo assim os anos 80 foram pra lá de coloridos e histriônicos.

Mas não podemos esquecer que nós, os babies punks, viemos ao mundo justamente graças aos mesmos embalos de sexta e sábado que reduzimos a memórias e lembranças saudosistas. Ou você acha realmente que os embalos se resumiam a pista de dança? Ironias a parte, o tempo passa e é cíclico. Os babies agora estão adultos e de vez em quando disputam espaço nas pistas de dança com aquela geração que teve de abrir mão das disco nights, mas voltou pra aproveitar e celebrar os "good times". Noites febris? Já se vão quase 30 anos. O mundo realmente dá voltas...

IMBECIS DA ESCANDINÁVIA

Uma imagem vale mais que mil palavras. Mas há casos em que essas mesmas mil palavras não são suficientes. Eu realmente nunca fui muito fã dessas bandas de "black metal", sempre achei algo mal tocado, letras imbecis, clichês pra lá de vencidos. Como lá é frio pra cacete e não tem muito o que se fazer, deviam procurar aulas de música ao invés de perder tempo queimando igrejas. Eu assino embaixo quando Kerry King e Dave Lombardo disseram numa entrevista quando estiveram na Noruega que o black metal não tem nada a dizer e são um bando de grupos similares. Raras são as exceções e pelo que me parece, são justamente elas que são execradas pelos "fiéis adoradores do metal obscuro".

Este clipe aqui é uma compilação a la "top 10" dos mais ridículos do black metal. Imagino a dificuldade que foi selecionar somente 10, já que o que num falta é coisa ridícula pra se ver. Acredito que um top 200 seria mais apropriado, mas se você quer rir mais, é só você catar os clipes avulsos pelo you tube que a diversão é garantida!

domingo, 31 de maio de 2009

ABOUT CRÍTICAS

O escritor norte-americano Dale Carnegie (1888-1955) escreveu em seu best-seller "Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas" de 1936 o seguinte: "a crítica é futil porque coloca um homem na defensiva, e, usualmente, faz com que ele se esforce para justificar-se. A crítica é perigosa porque fere o precioso orgulho do indivíduo, alcança o seu senso de importância e gera o ressentimento." No mesmo livro, ele cita uma frase do psicólogo Hans Selye: "com a mesma intensidade de sede que nós temos de aprovação, tememos a condenação."

Essas citações resumem por completo a essência da crítica a ponto de não se fazer adendos. Há quem diga que há a crítica construtiva, o que eu considero no mínimo uma justificativa cínica pra alguém descer o malho em outrem, quando na verdade o correto seria identificar o problema e dar a solução. Falar e apontar é muito fácil mas fazer a segunda opção - dar a solução -, ninguém está disposto, porque no final todo mundo sabe que a dificuldade é enorme também. O que não se percebe na maioria das vezes é que o ato de julgar, criticar ou apontar é capaz de gerar sentimentos e consequências típicas de um efeito borboleta.

Todos nós apontamos uns aos outros, como se fossemos todos isentos de erros e defeitos pelo menos alguma vez na vida. Andar com martelinhos por aí é normal. Faz parte. Mas é só recorrer às duas frases do primeiro parágrafo pra despertar e refletir. E, pra finalizar e resumir, vai a célebre frase que Jesus Cristo disse há dois milênios atrás: "que atire a primeira pedra quem nunca pecou".

quinta-feira, 28 de maio de 2009

SID & NANCY (1986)

No ano de 1986, Alex Cox levou à tela grande a história de Sid Vicious e Nancy Spungen, um dos casais mais famosos do mundo do rock e, com certeza, o mais drogado. Apesar de contar bastante coisa sobre os Sex Pistols, "Sid and Nancy" foca diretamente na conturbada história do casal. Em contrapartida, o assassinato de Nancy Spungen retratado no filme é mera especulação, já que até hoje não se sabe dos detalhes do crime.

O trinômio sexo, drogas e rock aliado a violência e ao inconformismo - por vezes caricato e encenado -, é o combustível da trama. Pelo que se vê, Sid Vicious não passava de um garoto idiota, por vezes ingênuo, detonado pelo vício das drogas e pela paixão por Nancy, que ajudou bastante na sua ida pro fundo do poço. Na medida em que Nancy assume mais destaque na vida de Sid, as drogas ocupam e tiram o espaço do sexo e do rock and roll, inclusive na trilha sonora, que além de contar obviamente com Sex Pistols, tem The Stooges e a participação do falecido Joe Strummer em algumas composições.

Uma das coisas mais desafiadoras do cinema é o ator fazer o papel de uma pessoa bastante conhecida, pois corre o risco de parecer caricato. Mas a partir do momento em que os espectadores enxergam o personagem a ponto de esquecer o ator em cena, nem que seja por um instante, é sinal de que a coisa deu certo e o papel está em boas mãos. E neste caso Gary Oldman se enquadra no papel de Sid Vicious, assim como Chloe Webb, na pele de Nancy. Chegou a ser cogitado entregar o papel a Courtney Love, que teve que atuar de coadjuvante como Gretchen, uma amiga de Nancy, por insistência dos patrocinadores do filme. Outro destaque fica por conta das cenas honestas e cruas dos viciados decadentes de Nova York, mesclados a momentos mais "românticos", como a clássica cena do casal se beijando no beco repleto de lixo.

É romântico, trágico, cru, ríspido e indicado para fãs dos Sex Pistols, de punk rock ou mesmo aqueles que leram o livro "Mate-me Por Favor", pois encontrarão muitos fatos familiares ao longo do filme. Ninguém soube resumir tão bem essa história como Nancy Spungen: "Love Kills".

terça-feira, 19 de maio de 2009

INDIANOS SOMOS NOZES

As novelas realmente ditam a moda e os costumes do nosso Brasil varonil imbecil. Basta algum demente viajar em um roteiro torto, confuso, repleto de redundâncias e miopias e lançar seus devaneios na telinha para que todos no dia seguinte comprem as roupas da nova "moda" das nove, repitam os bordões e sigam sua vidinha pressetada na telinha.

A moda do momento é a Índia. Mas já teve épocas em que todos queriam ser italianos, cantar como os italianos (quem se lembra do chato do Eros Ramazzoti? E da Laura Pausini?), andar como os árabes, falar como os marroquinos, quebrar pratos como os gregos e morar no Leblon, coisa que acontece periodicamente. O mais legal disso tudo é quando alguém vira e dispara: "é um meio de conhecer a cultura dos outros lugares!". Mas será que essas pessoas que dizem isso nunca ouviram falar em filmes? Livros? Fotos?

Por mais que os brasileiros fiquem chocados com a realidade indiana e seus costumes, não somos muito diferentes deles, não. Assim como eles, somos um país enorme, multicultural, multirreligioso, calorento pra cacete e repleto de miseráveis. Assim como lá, a desigualdade social é marca registrada. Nossas metrópoles são um verdadeiro inferno - tente usar qualquer transporte público na hora do rush no Rio ou em São Paulo. Nosso cinema é referência e produzimos bizarrices musicais, ou vais me dizer que a Axé Music, Funk, o Calypso e o Zezo são normais? Sistema de castas? Com toda a certeza, o Brasil tem suas castas determinadas há séculos, pois querendo ou não, a sua origem determina bastante coisa e de cara é a primeira barreira a ser quebrada pra atingir algum grau de ascensão social. Ou você ainda crê na história mirabolante do favelado retirante analfabeto, caçula de 12 irmãos que hoje é um poliglota vice-presidente de multinacional? Acredite, o Brasil é tão exótico e pitoresco pros gringos quanto a Índia é para os brasileiros.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

DETROIT ROCK CITY (1999)

Dirigido por Adam Rifkim, "Detroit Rock City" conta a saga de quatro adolescentes que não davam a mínima pra febre disco - afinal era 1978, o auge da disco music e John Travolta com seus embalos de sábado. O maior objetivo do quarteto era ver um show do Kiss. E quando tudo estava certo pra cairem na estrada pra Detroit, eis que surgem inúmeras confusões. A primeira acontece justamente com os bilhetes: a mãe de Jam (Lin Shaye) é ultra-mega conservadora e rasga os quatro bilhetes. A partir de então, Lex, Trip e Hawk (Edward Furlong) vão precisar de menos de um dia pra conseguir novas entradas.

Ao longo da empreitada, vão entrando numa confusão atrás da outra, cometendo vigarices, conhecendo pessoas estranhas, se metendo em assaltos, boates, brigas, igrejas e nem mesmo belas mulheres - entre elas, Shannon Tweed, que já saiu na Playboy -, serão capazes de deter os quatro membros da Dynasty (banda cover do Kiss) de assistir ao "melhor show de rock and roll da Terra".

Mesclando "road movie" com comédia adolescente - mas sem as piadas idiotas no estilo "American Pie" -, o filme é repleto de boas idéias e muito rock do início ao fim. A mescla de imagens históricas logo nos minutos iniciais dão um panorama detalhado do que acontecia no final dos anos 70. A renúncia de Nixon, os programas de TV, os embalos e adeptos da disco music se misturam aos comerciais, matérias e imagens do Kiss, fazendo o espectador ter uma baita noção do que foi o impacto dos quatro mascarados no mundo. Outro fator de peso, literalmente, é a trilha sonora que não podia ser outra exceto o bom e velho rock and roll dos anos 70, com Blue Oyster Cult, Black Sabbath, AC/DC, Ted Nugent, T-Rex, Ramones, Thin Lizzy, entre outros.

Indicado para aqueles que adoram o rock and roll e peça obrigatória para os aficcionados e membros da Kiss Army.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

CRIANÇAS FUTURAS

O ato de acordar muito cedo para trabalhar é um hábito intrínseco nas nossas vidas ainda na escola e porque não, na creche. Mesmo as crianças que estudam à tarde, elas acabam alguma vez na vida tendo que fazer o exercício de levantar cedo. Nossas obrigações nessa fase da vida são as lições de casa e as notas. É também nessa fase que os nossos nomes aparecem completos e impressos somente em boletins e na lista de chamada.

Com o tempo, a vida substitui o boletim pelo contracheque, a lista de chamada pela da inadimplência, as cadernetas de presença por carteiras de trabalho e nossos nomes perdem valor quando são anexados códigos de mais de onze dígitos. Acordávamos cedo pra estudar, agora é pra trabalhar. Se antes nos preocupávamos com as notas, agora lutamos para que os nossos saldos não fiquem vermelhos. No âmbito pessoal, fazemos amigos, conhecemos os pilantras, enfrentamos pessoas intragáveis, somos perseguidos - o professor é o chefe de logo mais e exercitamos o sadismo nosso de cada dia, derrubando de uma vez por todas a tal "inocência infantil".

Poderíamos até chamar a escola de "academia de adestramento", mas isso soaria radical, já que mostrar e adaptar as crianças para o mundo é uma prática pra lá de antiga. Um bom exemplo disso é a fábula "A Cigarra e a Formiga", escrita por Jean de la Fontaine com o intuito de educar o futuro rei da França Luis XIV - o Rei-Sol. Após todos esses anos, ela é passada para as gerações seguintes e sua moral continua sempre atual, fruto da simplicidade das fábulas: os que não pensam no dia de amanhã, pagam sempre um alto preço pela sua imprudência. Logo, a escola nada mais é do que uma preparação, mesmo repleta de erros, para o futuro.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

NOVOS ADEPTOS

Não sou adepto desses blogs "diarinhos mi-mi-mi", mas há algo que deve ser relatado. É deveras emocionante ver garotos por aí perambulando com blusas de bandas clássicas, deixando o cabelo crescer, escutando coisas do tempo em que nem sonhavam em nascer. Isso acontece com todo mundo, ou melhor, com pessoas abaixo dos cinquenta anos de idade, mais ou menos a idade do rock and roll.

Foi exatamente o que eu vi hoje, lá na academia onde malho. Sou o único cabeludo, talvez o único head banger. De repente brotou um moleque com no máximo 11 anos, com uma camisa fodaça do AC/DC. Tive que virar pro guri e dizer "bonita camisa, garoto! continue assim porque isso é bom pra cacete!". O guri sorriu todo tímido, os pais adoraram. Deu pra ver que os pais estão fazendo o dever de casa direitinho. Logo o moleque tá ouvindo Iron Maiden ou quem sabe Napalm Death, mas só de ver que conhece AC/DC, já é um bom começo.

Gosto mesmo de ver isso. Fiquei feliz. Sinal de esperança. É muito legal incentivar a molecada a conhecer essas bandas, a praticar instrumentos e mostrar coisas de fato com embasamento cultural. A molecada precisa ouvir música boa, receber boas mensagens, pois só assim podemos amenizar um pouco a merda que é este mundo.

quarta-feira, 29 de abril de 2009

ROCK STAR (2001)

Lançado nos cinemas norte-americanos em 2001, "Rock Star" conta a vida de Chris Cole (Mark Wahlberg), um head banger comum, porém repleto de sonhos. Morava com seus pais, ganhava mal, brigava direto com seu irmão, que abominava o seu estilo de vida "rock and roll" e namorava Emily, (a bela Jennifer Aniston) a fiel escudeira e talvez a única a acreditar no seu talento. Quando Chris entrava em cena como vocalista da banda cover do Steel Dragon (sua banda predileta), tudo mudava. Era naquele momento que podia viver sua fantasia de rockstar e de encarnar a figura de Bobby Bears, seu ídolo e frontman da banda que coverizava pelas noites na Pennsilvania.

Depois de ser chutado da banda cover, Chris se vê num beco sem saída. Mas é justamente aí que o jogo vira. Ele recebe o convite para substituir seu ídolo na sua banda predileta e então voa pra L.A. Lá, assiste uma cena constrangedora e porque não hilária: Bobby Bears tirando a peruca e dizendo na cara dura que uma balada foi inspirada num caso que ele teve com outro homem, já que ele era gay. Depois de aprovado, as coisas mudam de figura e ambos (ele e sua namorada) são tragados pelo furacão do sucesso, sob a atmosfera da clássica tríade "sexo, drogas e rock and roll".

A história é passada nos anos 80 e reflete muito bem o que aconteceu naquela época, principalmente no quesito "cotidiano de rockstars": megashows em arenas lotadas, groupies, festas, farras, mulheres, orgias e toda aquela fantasia que, apesar de envolver as bandas grandes da época - vide exemplos de Mötley Crue, Kiss, Poison, Ratt -, não fazem mais parte da realidade atual. O filme foi inspirado na história verídica de Tim "Ripper" Owens, vocalista de uma banda cover de Judas Priest e logo após a saída de Rob Halford, assumiu seu posto. Logo, é notório para os mais atentos, algumas semelhanças entre a Steel Dragon e o Judas Priest.

O elenco, além de contar com Mark Wahlberg e Jennifer Aniston, tem a participação de Zakk Wylde (guitarrista do Ozzy Osbourne) e Jason Bonhan, filho do falecido mestre John Bonhan, baterista do Led Zepellin. Os vocais gravados tanto para as cenas quanto para a trilha sonora, foram feitos por Michael Matijevic e Jeff Scott Soto.

terça-feira, 14 de abril de 2009

ADVENTOS BOMBÁSTICOS

Existem coisas na nossa vida que quando acontecem, temos variadas reações. Quando o impacto é forte e profundo, demoramos bastante tempo pra perceber. É que nem quando morre alguém bem próximo, você até entende que a pessoa morreu, mas parece que o cérebro demora um pouco pra constatar que ela não está mais ali. Você fica atônito, surpreso.

Mas não quero falar de coisas tristes ou negativas. Você pode ficar atônito e de alma lavada após um show de rock. Podes crer que essa tal reação descrita acima é consequência também de coisas positivas que acontecem com a gente. Sou exemplo disso. Confesso que ainda estou atônito com o show do KISS. Impacto igual, só aconteceu comigo quando assisti o Rush no Maracanã. Lembro bem que demorei quase uma semana pra conceber na cabeça o advento. Deve ser o impacto da tonelada de energia que recebi durante a apresentação.

Ver o Kiss in loco é uma experiência indescritível. Cansei de ler entrevistas de grandes nomes do heavy metal - Chuck Schuldiner e Dave Mustaine, só pra ilustrar -, que citaram um show do Kiss como algo tão marcante na vida deles a ponto de ser uma chave para mudanças. Sem contar nos vídeos e fotos que chegaram até mim ao longo desses 26 anos.

É gratificante ver esses deuses do rock dando tudo de si num palco. É muito bom saber que bandas gigantes como AC/DC, Kiss, Motorhead, Rush e tantas outras, dão aulas mágicas no palco pras novas gerações. Ver o Gene, com 60 anos no palco detonando tudo como se tivesse seus 20 anos é mágico. Um show desses não é apenas um show e sim um advento bombástico, fodástico, uma experiência que você leva por toda a vida e com certeza contarei pros meus netos. Ah, e quem sabe no meio dessa molecada que apareceu nos shows acompanhada dos pais, num aparece uma banda nova? Foi assim que o Sepultura surgiu, após dois garotos de 13 anos de BH - Igor e Max -, terem visto o Queen no Morumbi em 1981. Esse é o grande lance do rock and roll!

quinta-feira, 2 de abril de 2009

EI GALVÃO!!

Uma imagem vale mais do que mil palavras...

quarta-feira, 25 de março de 2009

METAL SURVIVE

A visita dos ingleses do Iron Maiden em diversas cidades brasileiras (Manaus, Recife e Belo Horizonte foram algumas delas), a vinda do Kiss, do Heaven and Hell - alterego do Black Sabbath com Dio e Appice - , os rumores da visita do Metallica e do AC/DC ao nosso país tropical no segundo semestre e os números lucrativos das vendas de álbuns e das turnês dos "dinossauros" metálicos fizeram reacender um interesse da grande mídia brasileira pelo heavy metal, aquele mesmo, que inclusive já foi tido como morto.

Enquanto o G1 apresentou uma lista de "15 discos para entender o metal", a Veja mostrou que mais uma vez o heavy metal compõe a trilha sonora dos tempos de crise. Se o G1 apresenta equívocos tanto sobre a origem do metal como o tal top 15, mesmo reiterando que suas fontes foram o aclamado documentário “Metal: A headbanger’s journey” e o livro “Sound of the beast”, a Veja, milagrosamente, faz um interessante parâmetro tendo como exemplo os contundentes e incisivos comentários do mestre Bruce Dickinson, rechaçando argumentos preconceituosos em relação ao head banger.

Mais uma vez, estamos vivendo uma crise, onde o horizonte e os prognósticos são bastante sombrios e as pessoas andam desesperadas, preocupadas com o futuro. Essas linhas poderiam muito bem estar numa letra de qualquer banda de heavy metal, independente do subgênero. De qualquer forma, heavy metal é, segundo Bruce Dickinson em entrevista à Veja,"a ópera da classe operária". Logo a classe que mais sofre nessas épocas.

É deveras interessante ver o heavy metal no foco da grande mídia novamente. Afinal, foram justamente os jornalistas e críticos musicais dos grandes veículos que durante os anos 90 insistiram na morte de um mundo que já passou dos 40 anos de idade, mas que continua firme e vigoroso como um garoto de 15 anos.

Link do G1 - http://g1.globo.com/Noticias/Musica/0,,MUL1041530-7085,00-G+APRESENTA+DISCOS+PARA+ENTENDER+O+METAL.html

Link da VEJA - http://veja.abril.com.br/110309/p_132.shtml

quinta-feira, 19 de março de 2009

ABOUT INCOMODAR

O instinto de sobrevivência aliado às necessidades de adaptação, as ideias de Darwin e sua seleção natural, o trânsito caótico e o calor infernal do Rio de Janeiro, a linha 2 do Metrô na hora do rush, as caras horrendas que as pessoas faziam quando eu escutava em alto e bom som death metal, as piadinhas infames, a indiferença pro mundo, as bebidas baratas e os junkie foods digeridos madrugadas afora - mais conhecidos como podrões - , que hoje em dia você não é capaz de oferecer ao amigo mais "die hard", me fizeram reconhecer uma coisa: o que não mata, fortalece. E se você sobreviveu é porque vaso ruim não quebra.

Se você acha que o parágrafo acima é pobre, repleto de clichês e a narrativa é patética, não liga, tem muita, mais muita gente na (sub)literatura brasileira ganhando rios de dinheiro com isso. Além do mais, deixa eu jogar pra fora a vontade de incomodar. Se você perdeu tempos lendo Paulo Coelho ou livros de autoajuda (essa nova ortografia tá difícil de aturar) dizendo que devemos descobrir e seguir nossa missão na vida, você já sabe muito bem qual é a sua, meu caro amigo: incomodar! E olha só, resumi em algumas linhas o que um imortal da ABL faz há anos e não aprende! Que pena não ser puta, nem mago, nem pastor, nem intelectuerda...

Incomodar é o grande lance. Descobri isso já tem uns anos. Mas isso deve ser genético, afinal, quem nunca encheu o saco do irmão só por diversão? Sem mais delongas, ninguém melhor do que o falecido e genial escritor gaúcho Caio Fernando Abreu pra resumir: "E tem o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrario: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda!"

quarta-feira, 18 de março de 2009

NOVIDADES EM EXTINÇÃO

Faz alguns meses mas lembro como se fosse ontem. Estava pilhado pra comprar um mp3 player de maior capacidade, assim como queria caçar um cd player, discman, o que fosse, pra escutar meus CDs. Saí do meu trabalho com o trajeto e o roteiro mais do que pronto na cabeça. Nada melhor do que pesquisar preços perambulando pela cidade.

Cheguei no Edifício Central na Rio Branco e perambulei vários andares em busca dos tais mp3. Era "iPobre" pra tudo que era gosto. Eu aproveitava sempre o ensejo e perguntava por curiosidade se vendiam ali "discman" que lesse arquivos em mp3, já que o de lá de casa estava morto e jogado num canto. As respostas eram sempre negativas.

Desci até a Uruguaiana, conhecida como o maior shopping popular do Rio mas que pra mim é o melhor e mais barato "shopin centis" do Brasil varonil! E acreditem, até lá o discman está em extinção. Logo lá, onde depositava minhas últimas esperanças. Cheguei em casa com os preços e, por curiosidade, fui pesquisar na internet se ainda havia rastros de discmans: "sua pesquisa por discman não encontrou nenhum resultado".

Gostaria muito de comprar CDs e ouvir no aparelho como se fazia antes. Mesmo que eu compre, vou ter que compactar tudo e jogar no mp3 player e fazer do mais novo CD comprado na praça, artefato de decoração na minha estante. Percebi que a indústria dificulta o simples ato de ouvir CD. Será que o CD vai ter o mesmo fim dos vinis? Será que o sol carioca fez mal durante aquela caminhada?

Ah, comprei o mp3 player na Rua do Rosário e com o troco deu pra comprar uma casquinha e voltar pra casa. Feliz da vida!