terça-feira, 4 de agosto de 2009

SAUDOSISMOS Pt 2 - VHS

Ao acessar o you tube e selecionar uma penca vídeos antigos pra assistir, sejam clipes de bandas antigas, Trapalhões, Monty Python ou as pegadinhas do Ivo Holanda, lembrei imediatamente das fitas VHS. As linhas denunciando "trackings" mal ajustados, fitas amassadas, as cores, ruídos brancos e granulações típicas das fitas fizeram-me voltar no tempo e relembrar quando os videocassetes eram presença maciça nas casas. Obviamente, o vírus do saudosismo e as lembranças das "VHS trades" entre amigos, a expectativa em ver o "Fúria" de madrugada ou até mesmo de ver um clipe bacana avulso pela TV vieram à tona.

Quando a MTV chegou ao Brasil em 1990, surgiu outro tipo de "tape trade": das fitas VHS com clipes. Com o surgimento do "Fúria" (adaptação brasileira para o "Headbanger's Ball" dos states) a troca de fitas ficou ainda mais frenética. Quem não tinha dois videos arrumava logo um jeito de levar pra casa de um amigo pra gravar e curtir os videoclipes das bandas prediletas. Assim como as fitas k7, as VHS também serviram de meio para que muitas pessoas conhecessem bandas novas.

Mas o VHS não servia só pra gravar clipes. Muitas famílias registraram festas de 15 anos, casamentos, batizados, bar-mitzvas, festas e até mesmo cenas ridículas nos tais eventos sociais. Era mais um recurso pra quem antes só podia ter um álbum de fotos como recordação. No final das contas, ver essas fitas rendiam muitas gargalhdas e reuniões divertidas. Nada melhor do que ver parentes e chefes bêbados e sem noção do ridículo nas festas.

Falar de VHS e não falar de locadora de filmes é impossível. Quem não devolvesse os filmes rebobinados era multado e não era raro as fitas alugadas sujarem as cabeças ou até engasgarem no video. Existiam até placas de aviso nas locadoras, ao lado das que apontavam a sessão erótica, de fitas vermelhas e rosa-shocking. Aluguel de fitas dava grana e muita gente tirava seu sustento dali. A prova disso era uma locadora no Rio de Janeiro que chegou a abrir uma rede com mais de dez lojas por toda a cidade mas, assim que o DVD surgiu, não demorou um semestre pra decretar falência e desaparecer.

Esta criação japonesa foi de extrema importância para a perpetuação da memória televisiva, pois inúmeras pessoas gravaram programas de TV e videoclipes que hoje estão no you tube e nos blogs pela web a fora. Basta uma pesquisada básica pela internet que você acha aquela série, um jogo especial ou aquele musical de vinte anos atrás. Muitas raridades estão à venda ou disponíveis pra downloads.

As VHS quebraram também várias correntes: não dependíamos só da TV para ver alguma coisa ou esperar por uma reprise, pois era só programar o video pra gravar enquanto estávamos fora. Se não fossem as fitas, provavelmente as imagens ficariam perdidas em nossa memória e seria impossível revê-las nos dias de hoje.

Um comentário:

Abrahão Andrade disse...

Tenho a minha pequena coleção que resiste aos ácaros anti-culturais. hehe..