sábado, 1 de agosto de 2009

SAUDOSISMOS Pt 1 - FITAS K7

As fitas K7 foram de extrema importância para a música. Para os adolescentes que não viveram a época, as K7 tinham a mesma função do mp3. Ao invés de trocar arquivos e procurar por links via web, trocávamos e gravávamos fitas e muitos artistas conquistaram adeptos desta maneira. As fitas eram de diversos tamanhos: 45, 60 ou 90 minutos. Tinham especificações como ferro extra, cromo, super cromo, hiper mega e quando o CD surgiu, vieram as que prometiam "fidelidade ao som digital". Em muitos dos casos, as gravadoras inclusive lançavam fitas simultaneamente ao lançamento do LP, prática extinta com o surgimento do CD. As fitas k7 salvaram os ouvidos de muitos "duros" e foi responsável por divulgar artistas e até influenciar diretamente no genoma musical de muitas pessoas, principalmente de quem vos escreve.

Lembro claramente de descer as ruas do meu bairro com uns trocados no bolso pra comprar fitas k7. Fazia estoque, pois quando alguém aparecia com alguma raridade - e naquela época muitos álbuns principalmente de rock pesado eram bastante difíceis de achar no Brasil - já estendia a fita k7. Isso era praxe até mesmo com os lançamentos. Não importava se era raridade ou lançamento, a vontade de gravar a fitinha pra ouvir em casa ou no walkman (lembram disso?) era a mesma. Até mesmo copiar de outra k7 era válido, mesmo ciente de que a qualidade era sofrível. Quando estava completamente ferrado, atacava fitas velhas e coleções inteiras de cursos de idiomas viraram álbuns do Sepultura, Black Sabbath, Ramones, Misfits, etc.

E por falar em walkman, quem nunca voltou uma fita com canetas, girando freneticamente pra não gastar pilha? E quando as fitas prendiam no deck? Lembro como era frustrante ver uma fitinha se transformar num macarrão de carbono e ferro. Alguém desmagnetizava fitas com ímãs pra "revirginizar" a dita cuja? Outro artifício muito usado lá em casa.

Roqueiros, punks e bangers de gerações anteriores a minha costumam falar sobre uma prática muito comum. Como as coisas demoravam muito pra chegar ao Brasil, quando uma banda lançava um trabalho era comum fazer um racha pra comprar o LP. As vezes o dono do LP avisava a turma pra entregarem suas fitinhas pra gravar pra todos. Era uma prática de valor social inestimável que infelizmente se perdeu com o passar dos anos.

Ao olhar pras fitas k7 remanescentes de uma extensa coleção, veio à memória os fatos e histórias de cada aquisição. Muitas se perderam, outras estragaram. Cada uma delas tem uma história e agora, elas ficam obsoletas no canto, cobertas tanto pelas poeira das caixinhas como pela poeira do tempo.

Um comentário:

Fernando Silva disse...

Tá ligado que passei os K7s do Abbatoir, Guilhotine, Wild Dogs e e outras porras tudo pra mp3, né?