segunda-feira, 4 de maio de 2009

CRIANÇAS FUTURAS

O ato de acordar muito cedo para trabalhar é um hábito intrínseco nas nossas vidas ainda na escola e porque não, na creche. Mesmo as crianças que estudam à tarde, elas acabam alguma vez na vida tendo que fazer o exercício de levantar cedo. Nossas obrigações nessa fase da vida são as lições de casa e as notas. É também nessa fase que os nossos nomes aparecem completos e impressos somente em boletins e na lista de chamada.

Com o tempo, a vida substitui o boletim pelo contracheque, a lista de chamada pela da inadimplência, as cadernetas de presença por carteiras de trabalho e nossos nomes perdem valor quando são anexados códigos de mais de onze dígitos. Acordávamos cedo pra estudar, agora é pra trabalhar. Se antes nos preocupávamos com as notas, agora lutamos para que os nossos saldos não fiquem vermelhos. No âmbito pessoal, fazemos amigos, conhecemos os pilantras, enfrentamos pessoas intragáveis, somos perseguidos - o professor é o chefe de logo mais e exercitamos o sadismo nosso de cada dia, derrubando de uma vez por todas a tal "inocência infantil".

Poderíamos até chamar a escola de "academia de adestramento", mas isso soaria radical, já que mostrar e adaptar as crianças para o mundo é uma prática pra lá de antiga. Um bom exemplo disso é a fábula "A Cigarra e a Formiga", escrita por Jean de la Fontaine com o intuito de educar o futuro rei da França Luis XIV - o Rei-Sol. Após todos esses anos, ela é passada para as gerações seguintes e sua moral continua sempre atual, fruto da simplicidade das fábulas: os que não pensam no dia de amanhã, pagam sempre um alto preço pela sua imprudência. Logo, a escola nada mais é do que uma preparação, mesmo repleta de erros, para o futuro.

Um comentário:

Fernando Silva disse...

Às vezes dá vontade de voltar a ser criança, cara. Ser adulto é foda.