quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

TABU RACISTA

O racismo é uma praga onisciente na sociedade. Nada melhor pros tacanhos e hipócritas de plantão do que você pegar alguém diferente de você pra bode expiatório, por pura ausência de respnsabilidade. São muitos os exemplos, mas prefiro que você enumere mentalmente enquanto lê e, de quebra, faz um exercício de consciência, sem precisar de feriados.

Já há tempos que venho observando uma outra forma de racismo. Quando perguntam como são meus pais eu disparo: "meu pai é negão e minha mãe é morena, daquelas bugras que tem lá no sul". Todas as vezes que falo isso, observo a cara de espanto. Não é pra menos: sou branquelo o suficiente pra acharem inimaginável e porque não engraçado, no bom sentido da coisa. Mas se você analisar bem, vai ver um olho puxado e uma cara redonda (herança ameríndia), nariz chato e lábios grossos (herança negra). É só ver a foto! Sem contar que estamos no Brasil.

A cara de espanto continua e insistem em saber a "tonalidade" da cor do meu pai. O racismo entra em cena. Rolam aquelas comparações: "é mais escuro ou menos escuro que fulano?" Independente de "tonalidade" - embora seja absurdo -, a resposta é unânime: "ah! seu pai não é negro! ele é mulato, moreno, pardo..." Tabu de vísceras escancaradas.

Deve ser muito difícil pras pessoas racistas terem que admitir que meu pai é negro. Vergonha? Tabu? Por que meu pai não pode ser negro? Fico ás vezes sem entender, mas eu sei o porquê dessas reações. Deve ser da mesma forma que é difícil o cara dizer que o parente é homossexual e o fulano é gay, viado, etc.

De qualquer forma, quando pessoas de cores diferentes apertam as mãos, a sombra refletida no chão não faz distinção alguma, pois todos sabem que são duas pessoas se cumprimentando.

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