terça-feira, 8 de julho de 2008

LAVAGENS CEREBRAIS PT.1 - A PAYOLA

Há uma prática terrível que impregnou o mundo da música: “jabá”, ou “payola”, nos Estados Unidos. Pra quem não sabe, o esquema funciona assim: a gravadora – aquele monstro gigante, sujo, feio e mau -, com o intuito de promover o artista queridinho da vez, resolve pagar X pra veicular X vezes a música do dito cujo. Assim todo mundo sai ganhando: a gravadora enfia goela abaixo a música nos ouvintes, alavanca suas vendas os cofres das rádios ficam mais gordinhos. Pra você que não percebe isso, repare só nos famosos “as 10 mais pedidas” ou nas premiações de melhores do ano lá no Teatro Municipal. Eis a prova real. Esse jogo começou muito tímido há muitos anos atrás, mas hoje em dia isso é regra absoluta.

Sempre gostei de rock. Eu era pirralho quando aconteceu a segunda edição do Rock In Rio, mas lembro de muita coisa. No primeiro, só tinha 3 anos. Aquele evento de 1991 no Maracanã foi muito importante pro meu DNA musical, assim como a morte de Freddy Mercury em novembro do mesmo ano. Na adolescência descobri o heavy metal depois de escutar o Paranoid do Black Sabbath em vinil na casa de um vizinho. Desde então, comecei a grudar meus ouvidos no rádio e não parava de escutar estações que tocavam rock. Com o tempo, me liguei que as musicas eram repetidas durante a programação exaustivamente numa seqüência em que mudava só a ordem pra não ficar muito cara de pau. Sem contar que eu percebia que a maioria das bandas que eu começava a conhecer/gostar sequer eram mencionadas. Assim, o dial perdeu mais um ouvinte decepcionado e irritado.

Sempre ouvi dizer que deveria existir rádios para todos os gostos e isso já aconteceu aqui, mas há muitos anos atrás. Alguém se lembra da Fluminense FM, “a maldita”? Não sei muito bem como funciona no resto do país, mas no Rio de Janeiro, o dial é a coisa menos democrática do planeta. Não há rádio rock, nem blues, nem jazz. O espaço aqui é dividido entre pagodeiros chorões, “fanqueiros” metidos a bandidos, MMB – Música Monossilábica Baiana, aquela mesma, das micaretas - rappers americanos metidos a putões, evangélicos histriônicos e uma rádio ou outra de MPB com coisas mais suaves e agradáveis ao aparelho auditivo.

O jabá é uma coisa cruel, assim como o dial “democrático” de uma cidade que adora cuspir pro resto do país que é a “Capital Cultural do Brasil”. Tente você ligar e pedir uma música em qualquer rádio. Eu já fiz essa experiência, quando era “teenager”. Com certeza dará com os burros na água. Você não vai pedir e sim, eles é que vão oferecer as opções impostas pelo jabá.

Não pense você que essa prática fica restrita as estações de rádio. A TV entra na jogada também. Os mesmos presenteados pela “payola” aparecem nos programas de auditório, seus vídeo clipes entopem os mesmos "top 10" da já falida e patética MTV – que de música não tem nada -, ou em outros canais voltados para a música. Sem contar nas premiações “os melhores do ano”, destinados aos mesmos queridinhos da “payola” rançosa. Já reparou que todo ano é a mesma coisa?

Ainda bem que a Internet ainda é democrática e cede espaço a todos, deixando a indústria fonográfica em desespero e despejando discursos vazios. Apesar de tudo, a fórmula sempre deu certo e continua rendendo moedas as corporações. De qualquer forma, a resistência é muito grande e o jabá não vai ter fim.

2 comentários:

UtópicA disse...

Cara, eu até hoje, com essa mente ingênua q tenho, ainda tento que acreditar que algumas raras figuras estão ali sem jabá. Não por serem bons e originais, mas por achar que devem ter ralado pra chegar onde chegaram. Mas é fato que muitos (muuuuitos) venderam suas almas musicais pro diabo. Ossos do ofício? Cara, não sei. Não me sinto no direito de julgar os musicos/bandas que se vendem. Sinto pena (às vezes), e só isso. Quanto às gravadoras... que queimem todas no mármore do inferno um dia. E que tenhamos muita cerveja pra acompanhar o churrasco. Mas voltemos de táxi, senão...

Ah, à propósito, Minhas Utopias foram tbm atualizadas lá no blog. Durante a semana é ma correria e aí fica meio paradão. Mas já tem coisinha nova lá. Beijos!

lainevidal disse...

É primão, é a lei do oeste!