quinta-feira, 31 de julho de 2008

RASURA DESTILADA

Destile todo seu ódio através da caneta. Todo aquele inconformismo, toda raiva, aquela carga acumulada. Um grito sufocado, uma resposta ou palavra não dita, uma frase mal interpretada, o soco esquivado, o cuspe desviado. Sempre tem uma pedra no meio do caminho que precisa ser chutada. Sempre surge aquela “persona” inconveniente a ser premiada com uma vulgar exibição de violência.

Eu encontrei nas palavras a minha arte marcial e a língua é o meu canivete. Descobri que as palavras são tão cínicas quanto singelas. Como sempre acreditei piamente no fato de que todo texto escrito é passivo de interpretação, fiquem á vontade. Sei que tenho a liberdade cínica de dizer: “mas não foi isso que eu quis dizer”!

Encontre a face a ser batida. O discurso a ser violado. Se alguém verá não importa, como também não importa como você atingirá ou o que será dito ao seu alvo. O que vale é atingir, incomodar, irritar. A válvula de escape é um bom remédio pra curar certos carcinomas. Todo mundo vive sua via crucis e necessita de catarse.

Lave a alma, respire fundo, tome um drink. Então, destile todo seu ódio na ponta das mãos, das línguas, das canetas... Mas sempre tome cuidado pra não acordar a vizinhança. O silêncio também vale como resposta.

Um comentário:

Fernando Silva disse...

Já dizia um ditado popular: "uma palavra dói mais do que um soco."

É vero, meu caro Watson!