segunda-feira, 14 de julho de 2008

LAVAGENS CEREBRAIS Pt.2 - REPETIÇÕES

A repetição é a melhor forma de memorização. Não importa se o objeto é a coisa mais insuportável do mundo, teu cérebro absorve por osmose. Quem nunca se flagrou cantarolando uma música patética, por mais que você a deteste? E os comerciais? Até hoje lembro de vários. Como a gente aprende a tabuada? Há trechos de diálogos patéticos do curso infantil do CCAA, que eu fiz quando tinha 8 anos, ainda ecoando na minha cabeça.

Outro dia estava na academia e óbvio que no som de lá não vai rolar Slayer. O povo bota nas rádios que tocam as mesmas musicas e que se repetem ao longo do dia. Pode ter certeza: as mesmas pessoas pegam o grude musical na Internet, escutam no seu computador, no mp3 indo pro trabalho ou pro colégio, faculdade, trabalho ou viram toques no celular. Lavagem cerebral em massa.

Chego em casa, ligo a TV: o top 10 dos clipes é justamente o mesmo da rádio lá da academia. Eu pensei que estaria livre daqueles grudes pobres e com letras que até uma criança de 5 anos escreve. Ledo engano. O maldito top 10 aparece até nos toques de celular, quando você está naquele engarrafamento matinal á caminho da senzala remunerada.

Era uma noite de sábado e fui com minha namorada para uma boate na Rio Branco, era aniversário de uma amiga. Ao entrar, me deparei com um ambiente ao qual não me sinto muito á vontade, sou um intruso ali. Pista de dança lotada, as biritas subindo a cabeça daquele antro mor de patricinhas e playboys, eis que o “di-jei” me solta uma seqüência mortal: as mesmas de todo o santo dia, mas dessa vez por horas. Se o castigo vem a cavalo, a paciência veio em doses cavalares de pinas coladas, alexanders, camparis, caipirinhas...

Hora de ir pra casa e começar um outro dia, uma outra semana. E então você verá a repetição das mesmíssimas coisas. O jabá massifica, as pessoas decoram, todos se imitam, todos saem felizes nessa orgia de repetições vazias onde a única meta é decorar e consumir.

Um comentário:

Fernando Silva disse...

Um jabá bem feito é aquele que faz a propaganda, mas sem ecoar repetidas vezes pelos quatro cantos do Brasil. Nos tempos de hoje isso é meio difícil, com essa massificação acelerada e esmagadora de músicas podres, pobres e de uma subcultura incrível. O jabá sempre existiu. Mas constantemente deixa um ranso viscoso e fedido.