terça-feira, 26 de agosto de 2008

NEUROSES E FANTASIAS PT2 – ADOLESCENTES NO CURSINHO

Na adolescência, o dito cujo precisa passar no vestibular e seus pais, cientes de que a educação do colégio não deu muita base, jogam o teenager num cursinho. Rolam as crises: o guri num sabe o que quer ainda da vida – até porque com 18 anos é muito difícil fazer uma escolha que pode te sentenciar a vida inteira. A cada ano que passa, aumenta o numero de vestibulandos e candidatos a vaga, que conseqüentemente parece encolher cada vez mais. A neurose bate nas salas superlotadas de cursinhos tão caros quanto a mensalidade de uma faculdade paga. Mas a fantasia de ver o guri numa faculdade publica é maior então resolvem gastar mais. Não seria mais fácil entrar numa particular? Mas isso é sinal de incompetência ou muitos acham que pelo simples fato do formando ter saído da faculdade particular não conseguirá um bom emprego. Grande diferença...

Do outro lado da jogada, estão os empresários (rapinas) ávidos por grana. Sabendo que as neuroses são capazes de criar um mercado de consumo, eles montam os tais cursinhos pré vestibular, tão certos do lucro quanto dois mais dois são quatro. Como foi dito antes, as salas ficam tão lotadas quanto uma cadeia. Os professores precisam de grana, logo precisam lecionar, então, surgem mais vagas no cursinho. É uma junção de interesses em que todos saem felizes e realizados.

Compensar anos de erros em um curto espaço de tempo é um dos maiores equívocos – senão burrice – da vida e que sempre fizeram parte do tal “jeitinho brasileiro”. Provas, simulados, uma enxurrada absurda de informações, apostilas, adendos, fórmulas e macetes milagrosos, aulas extras inclusive nos finais de semana e a venda do discurso sedativo de que a redenção e os primeiros passos da estabilidade estão nos campi públicos. Todos preferem não enxergar que nos mesmos campi faltam infra-estrutura e vivem em greve.

Poucos são os felizardos. Ao invés de tentar de novo, entram na faculdade particular, coisa que poderiam ter feito no ano anterior ao invés de pagar um “cursinho”. Assim, já estariam no segundo período de qualquer curso, em vez de ficar perdendo tempo. De qualquer forma, tanto os formandos das públicas quanto as das particulares têm algo em comum: depois de 4 ou 5 anos, serão os novos desempregados do mercado saturado, pequeno e sem vagas do Brasil.

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