terça-feira, 26 de agosto de 2008

NEUROSES E FANTASIAS

Todos nós temos fetiches, neuroses e fantasias, por mais que isso seja negado. Fantasia de transar numa ilha deserta ou fetiche por sapatos – só pra ilustrar – fazem parte do nosso imaginário. Diferente do que muitos pensam, esse assunto não se restringe somente ao campo sexual e é errôneo achar que as duas coisas são a mesma coisa. Mas isso é assunto pra outro dia. Atualmente as fantasias e neuroses que encontro no cotidiano tem chamado bastante a minha atenção. Como identificar? Uso as palavras de Lair Ribeiro: “o óbvio só é óbvio para o olho preparado”.

A fixação e a fantasia se misturam e se intensificam na medida em que o tempo avança. A onda do momento é o tal “concurso público”. Mas quando era adolescente a paranóia atendia pelo nome de “pré-vestibular”. Ambos são parecidos e até se complementam, vendendo a idéia de redenção. Competição acirrada, uma maratona cruel e por vezes desleal. (É engraçado, mas sempre associo esses concursos com a briga dos “sptz” pra chegar ao óvulo) Algumas vezes, a primeira pode levar a segunda. Todavia, ambos vendem a idéia de que ali naquela sala de aula estarão desvendados todos os segredos.

A sociedade é uma grande tribo de hipocondríacos neuróticos. A cura é a busca incessante por uma estabilidade e isso é completamente compreensível. Vivemos com a corda no pescoço. Empregos vitalícios, salários robustos e vida mansa são um porto seguro numa época movediça e incerta. A bula são os editais e apostilas de concursos públicos. A corrida pelo ouro não sobe mais a serra pra Minas Gerais, isso ficou no século XVII. As diligências do século XXI invadem as salas de aula dos inúmeros cursinhos preparatórios. Todos apostando fichas e tiros no escuro. Tudo tem seu preço.

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