sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

ABOUT SUICÍDIO

Descobri recentemente que o suicídio é, além de uma fraqueza absurda, também tirar sarro da humanidade. As sociedades humanas se organizam em torno do surgimento da preservação e do prolongamento da vida. Vive-se cada vez mais e melhor. E aí você resolve cagar e andar pra tudo e se mata.

Gosto de criar polêmica. Em iniciar debates e discussões acaloradas, pra depois estar rindo da cara dos outros porque não chegam ao denominador comum, os dedos ficam em riste, a mesa fica uma gritaria digna de estádio de futebol e a porrada come por pouco. Então, nada mais justo que a minha morte seja coerente com este meu barato. E o suicídio cumprirá muito bem a função de me consagrar como polemista. Uns vão dizer que eu era doente. Um louco. Outros dirão que eu era imaturo, que não sabia lidar com a vida. Os religiosos – mais especificamente os cristãos – dirão que eu me matei porque “não tinha Deus e Jesus no coração” e muitos vão jogar a culpa na minha coleção de discos de heavy metal. Quando souberem das minhas bandas prediletas, vão dissecar as letras com o intuito de achar indícios de incitação á violência, suicídio e blasfêmia.

Mas analisando bem, creio que eu não preciso do suicídio para isto. Já há um monte de gente que me considera louco, doente, estúpido, radical e com sérios problemas espirituais (talvez mentais). Os que não me conhecem vão me rotular como imbecil. O bom é que vão discutir exaustivamente e nunca saberão os motivos essenciais do meu suicídio.

Também considero o suicídio uma afirmação de ateísmo. As três grandes religiões monoteístas condenam veementemente o suicídio. Para elas só Deus pode conceder e retirar a vida de alguém. Como não acredito muito nisso, não dou a mínima. Se eu parto do princípio de deixar de existir quando bem entender, tenho mais é que meter ficha, cair dentro. Os crentes dirão que eu fui possuído pelo demônio, que deveriam ter me levado pra sessão do descarrego ou evocarão o conceito de livre-arbítrio para explicar porque fui eu – e não o Criador – quem decidiu pelo fim da minha vida. Pra mim o livre-arbítrio sempre foi um conceito fabricado para tirar o de Deus da reta.

O pior é que os religiosos não levam isto de deus conceder e retirar a vida a sério. Vários muçulmanos se matam – e ainda matam outros indivíduos – em ataques terroristas. Nunca entendi direito essa contradição, como tantas outras nas religiões. Eu ainda penso que haverá, em breve, por conta do fundamentalismo cristão, evangélico-bomba. Eu sou um dos potenciais alvos: roqueiro, herege, iconoclasta, debochado. Deve ser interessante morrer vitima de ataque terrorista praticado por um radical religioso ou melhor, ter uma “fatwa” me jurando de morte.

Mas tudo bem. Só de lembrar do Vale dos Suicidas na novela “A Viagem”, do Alexandre doidaraço de ódio com aquele moletom preto, das praias de Natal, a nudez da Flávia Alessandra, Viviane Araújo e da Mari Alexandre e as atitudes do idiota do Kurt Cobain, já são o suficiente pra desistir da idéia de cometer suicídio. E não me venham com cicuta, cianureto, pulsos cortados (por que nego num corta logo a jugular? Num é mais fácil?) e idiotices afins. Prefiro a “fatwa” do evangélico-bomba.

3 comentários:

Luiz Alexandre disse...

Eu gosto da idéia de suicídio, acho um bocado interessante e, de alguma forma, corajoso alguém resolver tirar a própria vida. Mas sou cristão demais pra fazer algo parecido. Um dia vou me aprofundar nessa questão. Abraços, Edu!

lainevidal disse...

Ok jacaré,já comentei no blog.
Não precisa mais se suicidar!rsrsrs

bjs

Fàbio. disse...

Ao contrario do que o amigo ali em cima falou, crei oque é preciso ter mais corangem pra viver num mundo infestado de gente imbecil, mesquinha e que se julgam "normais" por seus proprios padrões, do que simplesmente meter uma bala na cabeça. Por outro lado, incoerentemente, como você mesmo citou Duda, nada melhor do que engolir alguns sapos, e dar um boa gargalhada de gente idiota e sem sentido, que vê na vida os presidentes "modelos", mulheres da midia, novelas copycat cheias de supostas messagens pra população, apresentadores babacas que apoiam ideias esdruxulas, escritores pseudo-intelectuais que detem sem base alguma cadeiras na academia de letras e etc...

Alguns dos muitos motivos que fazem valer cada momento vivido, e no fim dar aquela boa gargalhada com os amigos que compartilham da mesma opinião. Afinal de contas estamos a margem do que é supostamente normal. Temos nossa propria sociedade alternativa, com pessoas uma pouco mais sinceras e que preferem refletiver sobre as informações e ideias, e não simplesmente digerilas com pão e circo!