quarta-feira, 25 de junho de 2008

RICOS PEQUENOS, POBRES GRANDES

Ainda no assunto Eurocopa – que já está perto do fim -, acesso o site yahoo e quando clico no link pra ver as novidades da competição, sou invadido por uma enxurrada de animações em “flash”, com direito a introdução e o escambau. A coisa é muito bem organizada, bem bolada, toda colorida e repleta de informações.

A parte que mais chamou a atenção foi a opção “times”, com as bandeiras dos países participantes em ordem alfabética. Quando você entra no país, os caras botam aquela foto clássica do esquadrão, com os resultados, escalação com foto, peso e altura (por que eles insistem nessa informação inútil? É futebol e não desfile de moda!), uniformes e a localização geográfica: onde fica, quantos habitantes e o tamanho do território do país. O mais legal é o “zoom” no mapa cinzento da Europa.

Foi justamente o mapa e as informações geográficas que me fizeram refletir. Vi os países e conseqüentemente, fui comparando aos números do Brasil e do terceiro mundo. Tudo bem, todo mundo anda cansado de saber que a Europa – exceto a Rússia – cabe no Brasil. E mesmo se a gente colocasse a Rússia na jogada, não dava muita diferença.

A metade dos participantes tem a população menor que a da região metropolitana do Rio de Janeiro, com 13 milhões de pessoas. Áustria, Croácia, Suécia, Holanda, Grécia, Republica Tcheca, Portugal e Suíça ilustram essa afirmativa. Se você olhar bem pra essa lista, alguns desses países encabeçam os rankings de qualidade de vida, renda, organização e igualdade social.

Países como Alemanha, França e Itália já são maiores, tudo com mais de 60 milhões, mas com a economia forte, são 3 dos 8 paises mais ricos do mundo. Não é á toa que todo mundo tenta furar a fronteira deles pra tentar uma vida melhor. Mesmo assim, as metrópoles desses países não chegam a ter o tamanho da população de Belo Horizonte, a terceira cidade do Brasil com 3 milhões. Distribuição é uma palavra concreta e funcional no velho mundo.

Quando viajo de metrô pelo Rio, vejo o oceano de favelas e guetos que não param de surgir, na medida em que você adentra o subúrbio. É um quadro preocupante, pois a miséria cresce e não há mais espaço. O próprio sistema de transportes no Rio é saturado. Depois de ver esses números, tenho a sensação de que eu esbarro com a população desses pequenos paises do velho continente todo dia, quando fico preso no trânsito.

Os pobres, inclusive na Europa são numerosos. Romênia e Polônia tem mais de 20 milhões. Já a Turquia, campeã em imigrantes para o oeste da Europa encabeça a pequena lista dos participantes. A população turca é de 63 milhões, mas ninguém soma o número de imigrantes, pois se isso fosse pra ponta do lápis, o número engrossaria. A Rússia é um caso a parte, pois mais da metade dela está na Ásia. Embora tenha uma população de 150 milhões, grande parte se concentra no lado europeu.

Eu nunca olhei com bons olhos esse gigantismo do Brasil e o fato dele “engolir” a Europa. O fato do hino dizer que somos “gigantes pela própria natureza”, “impávido colosso” foi o suficiente pra por na mente do brasileiro – sonso e inerte por natureza - um gigantismo que não quer dizer nada exceto a apatia. Prefiro os números modestos e funcionais lá do velho continente: troco inclusive o clima e os títulos de futebol com eles. Como diz o Engenheiros do Hawaii, “eu sempre quis viver no velho mundo”.

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