segunda-feira, 30 de junho de 2008

ZAPPING IDEAS

Faço parte da última geração TV no Brasil. Aquela mesmo, que ficava na frente da dita cuja o dia todo, com babás eletrônicas pela manhã, via o Bozo, brincava com brinquedos da estrela e adorava balas boneco. Não havia TV a cabo, Internet e os vídeo games estavam chegando por aqui. Não havia esse linguajar tedioso de “MSN”, “scraps”, “deletar”, etc. Mandar torpedo pra mim era detonar uns submarinos inimigos no “Seaquest” do Atari 2600 com meu pai.

Nunca gostei muito de TV. Isso pode soar como contradição, mesmo fazendo parte dessa última geração. Gostava mesmo era de desenho, seriados e gosto até hoje. Quando eu descobri a Turma da Mônica e uns “comics” americanos, a TV ganhou um concorrente pra minha distração. Pra ser sincero, sempre fui e até hoje sou mais fã da turminha paulista do Maurício de Sousa (um dia quero conhecer esse cara pessoalmente) do que aqueles yankees arrogantes. O Homem Aranha passa, porque ele é comum, um nerd que rala em busca de seus trocados tirando fotos, mora mal em New York e passa batido na multidão.

O lado legal da caixola é que na TV passa filme. Sempre achei a TV brasileira uma grande merda, salvo raras exceções. Detesto novelas, os jornais só noticiam merdas, odeio fofocas e “reáliti chous”. Fogueira de vaidades nunca foi a minha, sem contar nas grandes merdas que o povo fala e o restante diz amém. Só a TV a cabo salva.

Pra piorar a situação, agora Deus está na TV. Ter que aturar pastores e seus rebanhos contando milagres é demais. Hoje em dia há umas 10 opções de canais religiosos, sem contar os horários que as mesmas seitas alugam na TV aberta. Até os católicos entraram na dança. Hoje em dia a “graça” vem das antenas e via raios gama.

Ah, mas tem o futebol! Sim, um bando de caipira jogando e o melhor é sempre vendido pra Europa. E aturar um bando de paulistas bairristas torcendo descaradamente pros seus times é um saco. O Galvão Bueno também me irrita. O que diverte são os comentários chavões. Prefiro ver os jogos que rolam na Europa, pelo menos os nossos melhores jogadores detonam tudo por lá.

Realmente estamos num beco sem saída. Pra piorar, eu trabalho numa TV. Se isso é um sonho? Pinóia! Salário curto (ainda bem que rolou aumento), sem fins de semana ou feriados. Estar dentro dessa usina de força é bom pra você ver como as coisas funcionam. Se há pessoas que criticam a merda da TV, pode ter certeza que há merdas dentro da usina também.

Nunca gostei muito de TV. Mesmo fazendo parte daquela geração dos anos 80, que hoje está praticamente adulta. Se ela trouxe ou prorrogou a juventude eu num sei, mas que ela cisma em trazer minha velhice é fato. Filmes idiotas, programas imbecis, jornais nojentos, operários e mentores sedados, peladas insones, dias sem folga debaixo de um ar condicionado a 13 graus (pra quem é carioca isso é o pólo sul, acredite!), sem fins de semana, sem feriados, sem família por perto...

Por essas e outras, nunca gostei de TV.

Um comentário:

Barbara D. disse...

Em geral, a imprensa é sensacionalista. Logo, é complicado analisar o que é real do real criado por outros. Embora eu tbm tenha pego a "geração televisão", eu preferia bancar o moleque na rua, voltar ralada pra casa e exausta rs.